O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve nesta segunda-feira (6) a tão esperada reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o Palácio do Planalto, o encontro, realizado por videoconferência, marcou a retomada do diálogo entre os dois países após meses de impasse comercial.
A ligação ocorreu 13 dias após o encontro entre Lula e Trump durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Na ocasião, o republicano afirmou que uma nova reunião com o brasileiro aconteceria em breve, aumentando as expectativas do mercado de uma negociação para o fim do tarifaço.
De acordo com a Secretaria de Comunicação Social (Secom), Lula aproveitou a conversa de cerca de 30 minutos para pedir que a Casa Branca volte atrás na aplicação da sobretaxa imposta a produtos brasileiros e também nas medidas restritivas aplicadas contra autoridades do país.
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Segundo comunicado do Planalto: “[O presidente Lula] recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços. Solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras.”
“[…] Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve. O presidente Lula aventou a possibilidade de encontro na Cúpula da Asean, na Malásia; reiterou convite a Trump para participar da COP30, em Belém (PA), e também se dispôs a viajar aos Estados Unidos”.
Encontro entre Lula e Trump em terreno neutro
A sugestão de Lula para que o encontro ocorra na Malásia faz parte de uma estratégia diplomática de neutralidade, longe das fronteiras de ambos os países. A reunião da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), citada durante a ligação, está prevista para o fim de outubro.
O governo brasileiro considera que uma reunião em “terreno neutro” pode facilitar o avanço das conversas sobre temas comerciais e políticos.
Segundo a Secom, Trump respondeu dizendo que designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com o vice-presidente Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Em tom amistoso, os dois líderes conversaram por 30 minutos, quando relembraram a boa química que tiveram em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU. Os dois presidentes reiteraram a impressão positiva daquele encontro”, informou a nota.
Do lado brasileiro, acompanharam a reunião virtual o vice-presidente Geraldo Alckmin; os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Sidônio Palmeira (Secom); além do assessor especial da Presidência, Celso Amorim.
Bastidores da reunião entre Lula e Trump
A conversa foi combinada no fim de semana anterior entre assessores dos dois líderes. O presidente brasileiro se reuniu com ministros no Palácio da Alvorada, acompanhado de Haddad, Vieira e Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
A orientação do governo brasileiro foi que o primeiro contato entre os dois presidentes ocorresse de forma virtual, em um ambiente controlado, antes de uma aproximação presencial.
Segundo auxiliares do Planalto, o objetivo era “abrir caminho para uma relação mais estável” antes de qualquer gesto público conjunto.
Química durante encontro na ONU
Durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 23 de setembro, Trump elogiou Lula e disse que havia sentido uma “boa química” entre os dois.
“Ele parecia um cara muito legal. Na verdade, ele gostou de mim, eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. Quando eu não gosto, eu não gosto. Tivemos ao menos 39 segundos de uma química excelente”, afirmou o presidente americano.
Naquele discurso, o chefe de Estado americano também mencionou o encontro breve que tiveram em Nova York e disse ter combinado uma reunião para tratar da relação bilateral.
Durante o evento da ONU, Trump utilizou a tribuna para criticar o que chamou de cerceamento da “liberdade de expressão” em plataformas digitais e associou a taxação imposta ao Brasil “aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”.
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Tensões e tarifas punitivas
A conversa desta segunda-feira ocorreu em meio a tensões recentes na relação entre Brasil e Estados Unidos. Desde julho, Trump anunciou tarifas punitivas de 50% sobre produtos brasileiros, alegando motivos políticos e jurídicos. A medida afetou setores como o de máquinas e equipamentos, calçados, carnes e frutas.
O governo Lula classificou as sanções como incompatíveis com os princípios de reciprocidade e soberania e passou a buscar uma saída diplomática.
Trump também condicionou a retomada de negociações comerciais ao arquivamento do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Além disso, sanções foram impostas contra cidadãos brasileiros, entre eles o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e sua esposa, a advogada Viviane Barci de Moraes.
O Planalto vê na retomada do diálogo direto uma oportunidade de destravar as relações comerciais e políticas entre os dois países.