O dólar fechou em queda de 0,35% frente ao real nesta quinta-feira (16), a R$ 5,44. A moeda brasileira se beneficiou do enfraquecimento global do dólar, diante da perspectiva de desaceleração da economia dos Estados Unidos e da possibilidade de novos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed).
O movimento reflete também o alívio nas tensões geopolíticas, após a confirmação de um encontro entre Donald Trump e Xi Jinping, previsto para o fim do mês na Coreia do Sul.
Em entrevista ao Broadcast, o economista-chefe da Equator Investimentos, Eduardo Velho, avaliou que as declarações recentes de dirigentes do Fed e o “shutdown” — paralisação parcial do governo americano — aumentam a probabilidade de cortes adicionais de juros.
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Segundo ele, os juros podem cair para a faixa de 3,25% a 3,50% até março de 2026, com três reduções seguidas de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual).
Pela manhã, o diretor do Fed Stephen Miran, indicado por Donald Trump, afirmou que o banco central deveria cortar 50 pontos-base já na próxima reunião, marcada para o dia 29, embora o movimento mais provável seja de 25 pontos-base. O diretor Christopher Waller também defendeu nova redução, mas pediu cautela na transição para a taxa “neutra” — o nível que não estimula nem freia a economia.
Dólar global e petróleo caem
O Dollar Index (DXY) — indicador que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes — recuava mais de 0,45%, a 98,430 pontos, no fim da tarde. Confira o gráfico DXY (em tempo real):
As cotações do petróleo também caíram mais de 1%, atingindo o menor nível desde maio, após Trump relatar avanços nas conversas com Vladimir Putin para encerrar a guerra na Ucrânia.
Mesmo assim, o aumento de 20% do índice VIX, conhecido como “termômetro do medo” por medir a volatilidade esperada no mercado americano, limitou o apetite por risco e contribuiu para as quedas nas bolsas de Nova York.
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Incertezas fiscais limitam avanço do real
Apesar do ambiente externo favorável, analistas afirmam que o real não se valorizou mais por causa das dúvidas fiscais no Brasil. O mercado aguarda a estratégia do governo Lula para compensar a perda de arrecadação após a derrubada da Medida Provisória que previa aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que ainda espera um chamado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar novas propostas que compensem a perda de receita. Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que o Executivo pode optar por um projeto de lei com os trechos “incontroversos” da MP derrubada.
A decisão recente do Tribunal de Contas da União (TCU) — que liberou o governo da obrigação de contingenciar gastos para atingir o centro da meta fiscal, e não o piso — gerou desconforto no mercado, mas já era amplamente esperada.









