O faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras voltou a ganhar força em setembro, puxado pela indústria e pela retomada do comércio. A movimentação financeira real do setor cresceu 2,5% na comparação anual, segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs*).
Em termos dessazonalizados, houve um leve recuo de 0,8% frente a agosto, encerrando uma sequência de três meses de alta. Apesar da oscilação mensal, o desempenho positivo no comparativo anual mostra uma trajetória consistente de recuperação ao longo do segundo semestre.
Já no acumulado do ano, o índice segue estável em relação a 2024, refletindo os efeitos de um primeiro semestre ainda marcado por custos elevados e menor confiança empresarial.
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Felipe Beraldi, economista da Omie analisa que “as PMEs vêm apresentando uma retomada gradual desde junho, sustentada por fundamentos como a desaceleração da inflação e o aumento da renda real”.
O especialista pontua que mesmo que o crédito continue caro, a melhora do poder de compra das famílias tem contribuído para um ambiente mais favorável, especialmente para os segmentos ligados ao consumo.
Indústria e comércio impulsionam PMEs
A indústria foi o principal motor do desempenho das PMEs, com alta de 6,1% em setembro na comparação anual. O avanço, disseminado entre os segmentos da indústria de transformação, consolida a recuperação iniciada no mês de maio.
Dos 23 subsetores acompanhados, 16 registraram aumento no faturamento real. O destaque ficou para os segmentos de bebidas, produtos alimentícios e papel e celulose.
O comércio também voltou ao campo positivo, com expansão de 2,1% frente a setembro de 2024, impulsionada pelo atacado, que registrou alta de 4%, enquanto o varejo teve uma retração média de 3,5%. Entre os nichos em destaque estão as lojas de departamento, artigos de relojoaria e varejo de doces.
“A recuperação do comércio mostra uma melhora na dinâmica da renda e da confiança do consumidor. O atacado, em especial, tem se beneficiado da recomposição de estoques e da estabilização dos custos logísticos”, explica Beraldi.
PMEs mantêm recuperação, mas juros limitam serviços
O setor de serviços teve leve queda de 0,2% em setembro, após alta de 1,6% em agosto, registrando o primeiro resultado negativo do ano. Apesar disso, atividades profissionais, científicas e técnicas e de informação e comunicação continuaram crescendo.
As PMEs de infraestrutura, por sua vez, continuam em retração. O setor caiu 2,3% frente a setembro de 2024, após um recuo de 5,1% em agosto. O desempenho segue pressionado pela desaceleração da construção civil, impactada pela política monetária restritiva.
Beraldi enfatiza que “os juros em patamar elevado continuam sendo o principal limitador da expansão dos setores mais sensíveis ao crédito e que a indústria e parte do comércio conseguem reagir mais rápido, enquanto o setor de serviços e infraestrutura ainda operam com margens comprimidas.
Inflação controlada e renda sustentam recuperação gradual
A sequência de resultados positivos do IODE-PMEs desde junho reflete uma superação gradual do choque de custos e confiança observado na transição de 2024 para 2025.
A desaceleração da inflação, especialmente nos preços de alimentos e bebidas, grupo que apresentou deflação de 0,26% em setembro, segundo o IPCA do IBGE, tem contribuído para aliviar o orçamento das famílias e sustentar o consumo.
Mesmo com o cenário macroeconômico ainda desafiador, marcado por juros altos e crédito restrito, o setor de PMEs deve manter ritmo de crescimento moderado até o final de 2026.
O economista analisa que esse saldo é positivo, uma vez que o setor mostra resiliência e capacidade de adaptação, mesmo em um contexto de restrição financeira.
Segundo ele, o desafio agora é sustentar esse crescimento com produtividade, inovação e acesso mais equilibrado a crédito.
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*O levantamento da Omie analisa dados anonimizados de contas a receber de mais de 180 mil clientes, abrangendo 748 atividades econômicas (CNAEs), e ajusta os valores pela inflação com base no IGP-M da FGV para medir a evolução real das movimentações financeiras.