Apesar das incertezas fiscais, o mercado brasileiro continuou se beneficiando dos ventos internacionais favoráveis, entre eles a queda estrutural do dólar e o fluxo de investimentos para países emergentes.
Nesta semana, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou em alta mais uma vez, enquanto dólar e juros futuros recuaram, impulsionados pela divulgação da prévia da inflação (IPCA-15).
O mercado mantém a expectativa de que o impasse comercial entre Estados Unidos e China seja resolvido e que o pragmatismo prevaleça nas negociações. Já a paralisação do governo americano (shutdown) começa a gerar preocupação ao entrar na quarta semana sem solução.
Com poucos indicadores econômicos sendo divulgados, os resultados trimestrais corporativos ganharam destaque e evidenciaram a resiliência das empresas americanas diante das incertezas globais.
Nesta sexta-feira (24), o Monitor do Mercado traz mais uma edição do quadro “A Semana em 5 Minutos”, resumo semanal direto e sem enrolação assinado por Gil Carneiro.
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“Neste mundo, há apenas duas tragédias: uma a de não satisfazermos os nossos desejos, e a outra a de os satisfazermos” – Oscar Wilde.
Brasil: governo divide MP e prepara pacote de arrecadação
A equipe econômica decidiu dividir a Medida Provisória 1303 em dois Projetos de Lei (PLs) para tentar aprovar parte das medidas e garantir a compensação fiscal necessária ao cumprimento da meta de resultado primário.
Um dos projetos prevê a revisão de gastos tributários, ou seja, das isenções fiscais concedidas a empresas e setores específicos, com impacto estimado entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões.
O segundo projeto inclui aumento de tributos, entre eles o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) para fintechs e o IR (Imposto de Renda) sobre apostas esportivas — conhecidas como “bets”. Também prevê limitações nas compensações tributárias, prática que permite que empresas usem créditos fiscais para abater débitos com o governo.
O governo demonstra disposição para insistir até mesmo em propostas já rejeitadas pelo Congresso, buscando atingir o intervalo de tolerância da meta fiscal em meio ao aumento de gastos e concessão de benefícios em um ano pré-eleitoral.
STF suspende julgamento da desoneração
O ministro Alexandre de Moraes suspendeu o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a desoneração da folha de pagamentos, após três votos favoráveis ao governo. A decisão, se confirmada, levará à reoneração gradual entre 2025 e 2027, aumentando o custo da folha para empresas de 17 setores intensivos em mão de obra.
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Lula indica candidatura e melhora em popularidade
Segundo pesquisa da AtlasIntel, a avaliação “ótimo/bom” do governo Lula superou, pela primeira vez desde outubro de 2024, a “ruim/péssimo”. O levantamento indica que Lula venceria qualquer adversário de direita em eventual segundo turno em 2026.
O presidente, que completa 80 anos na próxima semana, anunciou intenção de disputar um quarto mandato.
Inflação recua e reforça aposta em corte de juros
O Boletim Focus reduziu novamente as projeções de inflação. O mercado espera IPCA de 4,70% em 2025 e 4,27% em 2026.
O destaque da semana foi o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial. O índice desacelerou de 0,48% em setembro para 0,18% em outubro, abaixo da expectativa de 0,24%. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu de 5,32% para 4,94%, reforçando a tendência de arrefecimento dos preços.
O resultado alimenta a expectativa de que o Banco Central inicie o ciclo de queda dos juros no início de 2026, movimento aguardado pelos investidores, mas adiado devido à pressão fiscal causada por estímulos do governo.
EUA: impasse orçamentário pressiona dólar e dívida
O shutdown do governo americano — paralisação parcial por falta de orçamento aprovado — já dura 24 dias, tornando-se o segundo mais longo da história. Foram dez tentativas frustradas de votação, em meio a divergências entre republicanos e democratas.
A crise tem afetado a percepção de estabilidade política dos Estados Unidos, historicamente considerados porto seguro para investidores globais.
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Inflação recua e reforça expectativa de corte de juros
O índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,3% em setembro, abaixo da previsão de 0,4%. O núcleo da inflação, que exclui itens voláteis como energia e alimentos, aumentou 0,2%, também abaixo da estimativa. Em 12 meses, a inflação ficou em 3%.
Os números reforçam a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) reduza novamente a taxa básica de juros em sua próxima reunião, prevista para a próxima semana. O mercado aposta em corte de 0,25 ponto percentual, levando a taxa de 4,25% para 4,00%.
Dívida pública e tensões comerciais preocupam investidores
A dívida pública americana atingiu 119% do PIB, e o déficit anual supera 7%. A dívida bruta federal ultrapassou US$ 38 trilhões, com aumento de US$ 1 trilhão em apenas dois meses.
Os dados minam a confiança na política fiscal dos EUA e contribuem para o enfraquecimento do dólar, levando investidores a buscar proteção em ativos reais, como ouro e prata.
Além disso, o presidente Donald Trump suspendeu as negociações comerciais com o Canadá, um dos principais parceiros dos EUA, devido a divergências tarifárias. O movimento amplia a incerteza no comércio internacional.
China: PIB cresce 4,8% e consumo continua fracO
A economia chinesa cresceu 4,8% no terceiro trimestre, em linha com as expectativas. O avanço foi sustentado pela produção industrial e pelas exportações, mas o consumo doméstico segue limitado, restringindo um crescimento mais forte.
Após a queda nas exportações de terras raras em setembro — insumo essencial para a indústria de tecnologia —, o governo chinês tenta tranquilizar investidores quanto ao impacto das novas restrições às exportações, mas o mercado permanece cauteloso.
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Mercados: otimismo com juros no Brasil
O Ibovespa e o real seguem beneficiados pelo fluxo de investimentos para países emergentes, impulsionado pela fraqueza do dólar. Apesar disso, o volume de entrada de capitais continua abaixo da média dos últimos dez anos. Se houver retorno à média histórica, o Brasil poderia receber US$ 24 bilhões adicionais por ano.
Após a divulgação do IPCA-15, a curva de juros futuros apresentou forte fechamento — ou seja, queda nas taxas projetadas —, refletindo otimismo com o cenário inflacionário.
Ouro e prata recuam após máximas históricas
O ouro e a prata registraram uma das maiores quedas das últimas décadas, após atingirem níveis recordes na semana anterior. O movimento foi uma correção técnica, influenciada por uma breve valorização do dólar e pela expectativa de um acordo comercial entre EUA e China.
Petróleo dispara com novas sanções à Rússia
O petróleo subiu com força após os Estados Unidos anunciarem sanções contra as russas Rosneft e Lukoil, em nova tentativa de restringir o financiamento de guerra da Rússia.
A Índia importa cerca de um terço do seu petróleo da Rússia, enquanto a China responde por aproximadamente 20% das exportações russas do insumo.
Na próxima quarta-feira, o mercado espera o novo corte de juros do Fed, seguido de um encontro entre Trump e Xi Jinping, que pode redefinir a relação comercial entre EUA e China.









