A Usiminas (USIM5) garantiu o posto de maior prejuízo trimestral da história entre as empresas siderúrgicas listadas na B3, a Bolsa de Valores brasileira, com o resultado divulgado na última sexta-feira (24).
A companhia encerrou o terceiro trimestre deste ano com perdas de R$ 3,5 bilhões, revertendo o lucro de R$ 185 milhões do ano anterior. Segundo levantamento realizado pelas Elos Ayta, com o montante, a Usiminas ultrapassa a Gerdau (GGBR4), que havia apurado perdas de R$ 3,15 bilhões no quarto trimestre de 2015.
De acordo com o balanço trimestral, a perda bilionária foi provocada principalmente por baixas contábeis, conhecidas como impairment, que refletem a desvalorização de ativos, e pela reavaliação de impostos diferidos, que são créditos tributários cuja recuperação futura se torna incerta.

Prejuízo da Usiminas supera recordes anteriores
Segundo dados do Valor Data, esse foi o maior prejuízo da Usiminas desde 2011, superando o pior resultado anterior, de R$ 1,63 bilhão, registrado no quarto trimestre de 2015.
O estudo da Elos Ayta, que analisou todos os trimestres com prejuízos superiores a R$ 1 bilhão de empresas listadas na B3, mostra que os resultados negativos reforçam o caráter cíclico do setor de siderurgia, que alterna fases de elevada rentabilidade com momentos de retração, ajustes financeiros e margens comprimidas.
No ranking dos maiores prejuízos do setor na B3, a Gerdau aparece em quatro posições, enquanto a Gerdau Metalúrgica (GOAU4) lista prejuízos em três trimestres e tanto CSN (CSNA3) quanto a Usiminas possuem dois registros cada.
De acordo com dados apurados pela consultoria, esses episódios ocorreram, em geral, em períodos de desaceleração econômica global e de forte volatilidade nos preços das commodities metálicas.
Ambiente global pressiona o setor de siderurgia
De acordo com análise da própria Usiminas e de especialistas de mercado, o resultado negativo reflete o impacto do ambiente global adverso para a siderurgia, marcado pela queda nos preços do aço, o excesso de oferta internacional e o aumento da competitividade das exportações chinesas.
Além disso, as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre o aço importado têm reduzido a competitividade do produto brasileiro no mercado externo, pressionando margens e reduzindo volumes de exportação.
Importações chinesas ameaçam demanda da Usiminas
O presidente da Usiminas, Marcelo Chara, afirmou que, apesar do prejuízo contábil, a companhia apresentou sinais de recuperação em suas principais frentes de negócio. Ele destacou “o aumento do volume de siderurgia, melhores preços e volumes na mineração, maior geração de caixa e redução da alavancagem financeira”.
Chara também demonstrou preocupação com o avanço das importações de aço, especialmente da China, que cresceram 33% em relação ao mesmo período de 2024. Segundo ele, o aumento ocorre em um contexto de excesso de capacidade global e práticas comerciais consideradas desleais.
“Não estamos sentindo os efeitos das medidas cota-tarifa, mas temos confiança técnica do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) para tomar medidas contra as importações”, disse Chara.
O executivo ressaltou que países como Estados Unidos, México e União Europeia já adotaram mecanismos de defesa comercial e afirmou esperar que o Brasil siga caminho semelhante para “corrigir distorções no mercado de aço” e restabelecer isonomia competitiva.
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Baixas contábeis pesaram no resultado
A linha final do balanço foi fortemente afetada por uma análise de recuperabilidade de ativos, baseada no cenário macroeconômico e nas condições de mercado. Essa revisão resultou em uma perda por impairment de R$ 2,2 bilhões, além de R$ 1,4 bilhão pela reavaliação de impostos diferidos.
“Com isso, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 3,5 bilhões, R$ 3,6 bilhões inferior ao lucro líquido apresentado no trimestre anterior (R$ 128 milhões)”, informou o relatório da Usiminas.
Essas baixas contábeis também reduziram o lucro operacional (Ebit), que ficou negativo em R$ 2,07 bilhões — o segundo pior resultado da série histórica, atrás apenas do quarto trimestre de 2015, quando a perda foi de R$ 2,17 bilhões.









