As ações da MBRF (resultado da fusão entre Marfrig e BRF) dispararam 23% em um único dia, após o anúncio de uma parceria estratégica de US$ 500 milhões com o fundo soberano da Arábia Saudita.
O acordo prevê a criação da Sadia Halal, voltada exclusivamente ao mercado halal — um dos segmentos mais promissores do agronegócio, que segue regras islâmicas. No Brasil, quase não se fala sobre ele, mas é grande o bastante para transformar uma ação esquecida em uma estrela da Bolsa.
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Neste episódio do Ligando os Pontos, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, mostra como a dona da Sadia virou símbolo da globalização do agronegócio brasileiro e o que o investimento saudita revela sobre o futuro das nossas empresas. Confira o episódio completo:
O que é o mercado halal?
O termo halal vem do árabe e significa “permitido” ou “autorizado” dentro das regras do islamismo. No setor alimentício, o conceito envolve todas as etapas da cadeia produtiva — do abate à distribuição — e proíbe, por exemplo, o consumo de carne de porco ou o uso de utensílios que entrem em contato com ela.
A certificação halal é vista como um selo de confiança e rastreabilidade, valorizado por consumidores muçulmanos, que somam quase 2 bilhões de pessoas no mundo.
Segundo relatório da Dinar Standard, o mercado halal movimenta cerca de US$ 2,7 trilhões por ano, podendo ultrapassar US$ 4 trilhões até 2030. No Brasil, esse segmento ainda representa menos de 3% das exportações alimentares, conforme dados da ApexBrasil.
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Estratégia da MBRF
Com a nova joint venture e a entrada de capital saudita, a MBRF deixa de atuar apenas como exportadora de proteína e passa a ser parceira estratégica local no Golfo, com certificação e operação próprias na região.
Essa mudança reposiciona a companhia como uma empresa global de alimentos, ampliando seu alcance e reduzindo a dependência de mercados tradicionais, como Europa e América do Norte.
O acordo também traz benefícios financeiros: parte da dívida da companhia será transferida para a nova operação, o que deve diminuir a alavancagem (nível de endividamento em relação ao patrimônio) e melhorar a percepção de risco entre investidores.
Reação do mercado
A disparada das ações foi impulsionada por um movimento técnico conhecido como short squeeze — quando investidores que apostavam na queda do papel são obrigados a recomprá-lo, elevando ainda mais o preço.
Com isso, a visão do mercado sobre a MBRF mudou rapidamente: de uma fusão contestada entre empresas endividadas, a companhia passou a ser vista como um projeto global com potencial de expansão no Oriente Médio e possibilidade de abertura de capital (IPO) em bolsas internacionais, como Riad ou Nova York.
A reestruturação também é vista como uma forma de clarear o plano estratégico da MBRF, o que tende a reduzir riscos e ampliar o interesse de investidores institucionais e individuais.
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Especialistas apontam que o mercado halal tem menor volatilidade do que o de carnes convencionais, o que pode trazer estabilidade à receita da companhia e fortalecer sua posição no longo prazo.









