Nesta segunda-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou o economista Adriano Pires para assumir a presidência da Petrobras no lugar do general Joaquim Silva e Luna, que ocupa a posição desde de 16 de abril de 2021. A mudança ainda precisa passar por Assembleia Geral Ordinária da companhia, que acontece em 13 de abril.
Em texto publicado em outubro de 2021, Pires escreveu que “a solução definitiva só virá com a privatização da Petrobras. Enquanto a empresa for de economia mista, tendo o Estado como controlador, os seus benefícios corporativos e as práticas monopolistas serão mantidos –a favor da corporação e, muitas das vezes, contra os interesses do Brasil”.
As opiniões de Pires, aliás, estão vastamente documentadas em suas colunas, publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, entre 2014 e 2017, e no portal Poder360 entre 2017 e 2022.
O economista, bacharel e mestre pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e doutor pela Université Paris 13, é um defensor fervoroso da privatização da Petrobras. Entre 1998 e 2001, Pires trabalhou na ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
O economista explica que para atender a demanda interna, o país depende da importação de produtos essenciais como óleo diesel e a gasolina, cuja importação depende de seu bem substituto, o etanol.
Ele defende que: “O argumento de que o Brasil, por ser autossuficiente na produção de petróleo, deveria ajustar o preço dos derivados levando em consideração os custos e não a paridade internacional estão totalmente equivocados. O Brasil tem, sim, uma produção de petróleo superior à necessária para suprir o mercado nacional. No entanto, o petróleo é uma commodity, e commodities têm seus preços determinados pelo mercado internacional. Países que não seguem essa regra acabam por serem vítimas da chamada maldição dos recursos naturais. Um exemplo é a Venezuela, que destruiu sua indústria de petróleo, bem como a bem como a sua empresa PDVZA.”
Outra preocupação de Pires, já em 2021, era o uso eleitoreiro da empresa com políticos pedindo por uma intervenção nos preços da refinaria. Para ele, “isso representa o retorno das perdas para a Petrobras, desequilíbrio concorrencial, insegurança para realização de investimentos no setor e aumento da dificuldade para o avanço do importante programa de desinvestimento nas refinarias da Petrobras”.
Adriano Pires ainda pontua que “não podemos esconder subsídios intervindo nos preços da Petrobras” e aponta “exemplos de como garantir a estabilização dos preços dos combustíveis, sem intervenção e prejuízo para a Petrobras.”
Para a questão do gás de cozinha, ele proponhe “a criação de um cartão eletrônico específico para a compra do botijão, esse cartão seria carregado com um valor que permitisse que famílias inscritas no Bolsa Família pudessem adquirir o botijão a preços inferior ao vendido no mercado. Os recursos poderiam vir de inúmeras fontes, desde os royalties até parte do Fundo Social gerenciado pela PPSA”.
Imagem: Elaboração própria com fotos de Monalisa Lins/Estadão e Agência Brasil
