Nesta quarta-feira (29) o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reafirmou a decisão de Vladimir Putin, presidente da Rússia, de que os compradores de gás russo terão de pagar pelo produto em rublos (e não mais em dólares).
A Rússia está atuando para recuperar o valor da sua moeda, que atingiu seu valor mais baixo após a guerra com a Ucrânia.
A medida foi adotada como resposta às sanções e congelamento de ativos realizados por nações estrangeiras. Após a invasão da Ucrânia, a moeda russa chegou a desvalorizar 40,10%, até o dia 09 de março, sendo a maior queda do período.
Peskov disse ainda que Moscou está elaborando planos para simplificar os pagamentos. Diante deste cenário, o rublo disparou ante o dólar.
Nesta quarta-feira (29) o rublo chegou a valorizar 16,62% sendo vendido por R$ 0,0567. Em um mês a moeda valorizou 9,57%, embora, desde o início do conflito, tenha variado -11,46%. No mesmo período, entre 24/2 e 29/3, o dólar desvalorizou -7,56%.
A Arábia Saudita, terceiro maior exportador de petróleo (levando em conta o bruto e o refinado) do mundo, está em “intensas negociações” com Pequim para fixar o preço de parte de suas vendas em yuans, noticiou a Dow Jones recentemente.
Uma semana depois dessa notícia, Vladimir Putin anunciou que a Rússia deixará de aceitar pagamentos em dólares ou euros pelo fornecimento de petróleo e gás à União Europeia e aos Estados Unidos.
Só em 2020, a Rússia exportou US$ 122 bilhões (R$ 579,73 bilhões) em petróleo (bruto e refinado) e a China, US$ 24,3 bilhões (R$ 115,47 bilhões). Somados, dão o PIB de uma Hungria, ou de meio Chile.
Vale notar que o mais duro golpe contra a dolarização da economia veio justamente do país onde teve início a pandemia e daquele que deu o pontapé inicial na guerra da Ucrânia.
O estrategista do Credit Suisse Zoltan Pozsar, que já foi executivo do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) já afirmou que a crise das commodities desencadeada pela guerra e pela pandemia estava dando origem à Nova Ordem monetária Mundial, que vai enfraquecer o sistema baseado em dólar.
Saímos do “padrão ouro” para o “padrão dólar” e, agora, caminhamos para o “padrão commodity”.
Como, principalmente após os anos 1970, passamos a “dolarizar” a nossa economia, todo golpe no dólar é sentido na precificação de tudo, ou quase tudo, no Brasil. Assim como dolarizar os investimentos é bom para fugir das altas da moeda dos EUA, explorar novos mercados deverá ser o passo essencial do investidor antenado na economia global.
Imagem: Piqsels









