A produção industrial do Brasil caiu 0,4% em setembro, interrompendo a alta revisada de 0,7% registrada no mês anterior, conforme dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (4).
O desempenho ficou abaixo da mediana das estimativas do mercado, que projetavam queda de 0,3%. Na comparação com setembro de 2024, houve alta de 2%, acima da previsão de 1,7%.
Com esse resultado, a produção industrial fica situada 2,3% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas ainda 14,8% abaixo do recorde de maio de 2011.
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Produção industrial sofre pressão com setores de maior peso
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, os setores com maior impacto negativo foram também aqueles de maior peso na indústria: farmacêutico, extrativo e indústria automobilística, que juntos representam cerca de 23% da estrutura produtiva do país.
“O total da indústria teve um comportamento predominantemente negativo entre abril e julho, acumulando perda de 1,3%”, completou Macedo.
Alimentos avançam e compensam parte das perdas
Entre as 13 atividades que registraram alta, o setor de alimentos foi o principal destaque, com avanço de 1,9% em setembro.
Esse foi o terceiro mês seguido de alta na atividade, acumulando expansão de 4,4% no período.
Indústria perde ritmo no acumulado em 12 meses
No acumulado do ano, a indústria registra alta de 1% na comparação com o mesmo período de 2024. Já em 12 meses, o avanço é de 1,5%, mas mostra perda de ritmo em relação aos meses anteriores: agosto (1,6%), julho (1,9%), junho (2,4%) e maio (2,8%).
A média móvel trimestral subiu 0,1% no trimestre encerrado em setembro, após alta de 0,2% em agosto, quando interrompeu dois meses de queda: julho (-0,2%) e junho (-0,4%).
Desempenho por categoria de uso
- Bens de capital: foi única categoria a registrar alta em setembro (+0,1%). Em relação a setembro de 2024, houve queda de 1,7%.
- Bens intermediários: registrou queda de 0,4% no mês. Alta de 3,4% ante 2024. Representa 55% da atividade industrial.
- Bens de consumo semi e não duráveis: teve retração de 0,1% no mês e queda de 0,8% na comparação anual.
- Bens duráveis: registrou queda de 1,4% ante agosto. Em 12 meses, alta foi de 3,3%.
Nesse contexto, o economista Maykon Douglas avalia que o setor industrial ficou quase estagnado no 3º trimestre e mantém um mau desempenho desde o último trimestre de 2024, principalmente na parte de transformação.
Douglas destaca que mesmo em agosto, quando o setor subiu um pouco mais, boa parte do avanço se explicava pela baixa base estatística. Com destaque negativo no acumulado do 3º trimestre, a categoria de bens de consumo reportou uma queda de 2,9% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o especialista.
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Ele pontua ainda que a indústria extrativa tem influenciado mais o resultado da produção industrial: quando cai, como aconteceu em setembro, puxa o índice cheio para baixo.
Para o economista, a indústria tende a manter os resultados ruins em razão do aperto monetário promovido pelo Copom, que deve cortar os juros apenas em março de 2026.









