O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano pela terceira reunião seguida. A decisão unânime, anunciada na noite desta quarta-feira (5), mantém a Selic no maior nível desde 2006.
As manutenções começaram em julho, após uma sequência de sete altas consecutivas, que marcaram a terceira maior série da história.
Segundo o comunicado oficial, a decisão reflete um ambiente de incerteza global, influenciado pela política econômica dos EUA e pelas tensões geopolíticas, e inflação acima da meta de 3%, apesar de uma desaceleração recente.
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Além disso, afirmou que segue acompanhando os efeitos da política fiscal brasileira e das tarifas comerciais impostas pelos EUA ao Brasil, ambos fatores que podem influenciar a política monetária e os preços dos ativos financeiros.
Por fim, o BC reforçou que a manutenção da taxa Selic por um período prolongado é a estratégia mais adequada no momento. Caso o cenário inflacionário volte a se deteriorar, o Comitê não hesitará em retomar o ciclo de aperto monetário.
Especialistas próximos passos
Ecio Costa, professor de economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), atribui a decisão ao mercado de trabalho que, pelo terceiro mês seguido, registrou uma taxa de desemprego em mínima histórica e geração de empregos formais acima do esperado. “Isso, aliado a um cenário fiscal que continua elevando os gastos na economia, resultou na manutenção pelo Banco Central (BC)”, completa.
Em relatório, o Banco Daycoval, que também apostava na manutenção, afirmou que nem mesmo a desaceleração da inflação e da atividade econômica, foram suficientes para fazer o Copom mudar sua avaliação.
“Expressões como ‘por período bastante prolongado’ e ‘não hesitará em retomar o ciclo de ajuste‘ foram mantidas no comunicado, sinalizando que os cortes de juros devem começar somente na reunião de março de 2026”, de acordo com o Daycoval.
Cortar os juros é bastante tentador, mas perigoso, avalia a FecomercioSP. Apesar de não ser uma decisão fácil — juros altos pesam no orçamento das famílias, travam a atividade econômica e pesam o crédito —, é somente dessa forma que o BC conseguirá colocar os preços nos trilhos novamente. E essa é a prioridade.
Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, concorda com a visão e explica que o tom mais duro faz o mercado ajustar suas apostas, movimento que deve gerar uma realização de lucro no Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, e pressão sobre a curva de juros futuros.
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Decisão já era consenso no mercado
Apesar da incerteza sobre a comunicação da ata, a decisão já era consenso dentro do mercado. A última projeção do Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), feita no dia 20 de outubro, projetava 97,8% de chance de manutenção (veja no gráfico abaixo).

Como a Selic afeta meus investimentos?
A taxa Selic é conhecida como a taxa básica de juros, influenciando diretamente a economia do país e a vida das pessoas, e serve, principalmente, para controlar a inflação do país.
Quando a taxa aumenta, ajuda a desacelerar a economia e controlar a inflação. Quando a taxa cai, a economia aquece e estimular o consumo no mercado.
A Selic também responde à porcentagem de juros que deve ser paga aos bancos quando você realiza um financiamento ou empréstimo. Além disso, ela está diretamente relacionada aos investimentos de renda fixa, impactando no valor que um investidor vai receber por algum título que adquiriu.









