A inflação brasileira, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,09% em outubro, após alta de 0,48% em setembro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa foi a menor variação para o mês desde 1998, quando o índice registrou 0,02%.
Com o resultado divulgado nesta terça-feira (11), a inflação acumulada em 2024 chega a 3,73%, e o acumulado em 12 meses fica em 4,68%. Em outubro de 2024, o IPCA havia sido de 0,56%.
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Para Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Galapagos Capital, a média de núcleos e o índice de difusão seguem indicando o pulso da inflação entre 3% e 4%, ou seja, na margem esses dados mostram o processo de desinflação bastante pronunciado.
No entanto, ela alerta para a resistência da inflação de serviços, que segue em 6% ao ano.
Energia elétrica puxa IPCA para baixo
A energia elétrica foi o principal fator de queda do IPCA no mês, com impacto negativo de -0,10 ponto percentual (p.p.).
A energia residencial recuou 2,39%, influenciada pela troca da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para a vermelha patamar 1, o que reduziu a cobrança extra na conta de luz de R$ 7,87 para R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos.
Para o Departamento de Análises Econômicas (DPEc) do Banco Daycoval, além da alteração de bandeira, o fim dos efeitos do bônus de Itaipu contribuiu para atenuar a pressão inflacionária.
Também influenciaram no resultado: as quedas nos preços de aparelhos telefônicos (-2,54%) e seguros voluntários de veículos (-2,13%).
Segundo Fernando Gonçalves, gerente do IPCA no IBGE, “sem os efeitos da energia elétrica e do grupo de alimentos, o índice de outubro teria ficado em 0,25%”.
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Alimentos e bebidas praticamente estáveis
Após meses de recuo, o grupo Alimentação e bebidas — o de maior peso no IPCA — registrou variação de 0,01%, praticamente estável.
A alimentação no domicílio caiu 0,16%, com destaque para as quedas do arroz (-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%), compensadas por altas da batata-inglesa (8,56%) e do óleo de soja (4,64%).
Já a alimentação fora do domicílio acelerou de 0,11% em setembro para 0,46% em outubro, impulsionada por refeições (0,38%) e lanches (0,75%).
Vestuário e saúde lideram altas
O grupo Vestuário (0,51%) teve a maior variação positiva do mês, com destaque para calçados e acessórios (0,89%) e roupa feminina (0,56%).
Em seguida, vieram Despesas pessoais (0,45%), com alta no empregado doméstico (0,52%) e no pacote turístico (1,97%).
O grupo Saúde e cuidados pessoais (0,41%) foi o de maior impacto no índice geral (0,06 p.p.), puxado por artigos de higiene pessoal (0,57%) e planos de saúde (0,50%).
Em Transportes (0,11%), a alta veio da passagem aérea (4,48%) e dos combustíveis (0,32%). O óleo diesel foi o único a cair (-0,46%), enquanto etanol (0,85%), gás veicular (0,42%) e gasolina (0,29%) subiram.
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Mercado vê cenário mais favorável após IPCA, mas com cautela
Segundo o economista Maykon Douglas, as últimas leituras de inflação mostram uma composição mais favorável, embora os núcleos permaneçam acima da meta.
Ele destaca que os serviços sensíveis ao trabalho voltaram a subir, registrando alta de 7% na métrica trimestral anualizada, o maior nível desde janeiro.
Para Douglas, o Banco Central deve manter a postura cautelosa nos próximos meses, avaliando o ritmo de desaceleração do mercado de trabalho e seu impacto sobre os serviços. A projeção dele é de que o IPCA feche 2025 com alta em torno de 4,3%.
Já o Daycoval, acredita que a inflação em 2025 ficará em 4,5% e em 2026 cairá para 4,1%. Quanto aos juros, o banco não prevê cortes na Selic neste ano.









