A Natura (NATU3) registrou prejuízo líquido de R$ 1,926 bilhão no terceiro trimestre de 2025, queda de 71,2% em relação aos R$ 6,694 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.
O desempenho reflete pressões sobre receita e rentabilidade durante o processo de reestruturação interna, segundo o balanço divulgado nesta segunda-feira (10).
A receita líquida totalizou R$ 5,194 bilhões, queda de 13,1% em reais e de 3,8% em moeda constante — indicador que elimina o efeito da variação cambial. A empresa atribui a retração à desaceleração das operações no Brasil e aos desafios de integração na Argentina e no México.
- Fale agora com a Clara, nossa atendente virtual, e tire suas dúvidas sobre investimentos e imóveis: Iniciar conversa.
O Ebitda recorrente (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ajustado por efeitos não recorrentes) somou R$ 577 milhões, queda de 33,7% na comparação anual. A margem Ebitda caiu 3,5 pontos percentuais, para 11,1%.
A margem bruta ficou em 67,2%, ligeira redução de 0,1 ponto percentual. Já as despesas com vendas, marketing e logística recuaram 6,6%, representando 42,3% da receita líquida.
Endividamento e reestruturação da Natura
A dívida líquida da companhia encerrou o trimestre em R$ 4 bilhões, o equivalente a 2,53 vezes o Ebitda. O CEO, João Pedro Ferreira, afirmou que parte das dificuldades foi “autoimposta” e planejada, como consequência dos investimentos na simplificação da estrutura corporativa.
“As despesas gerais e administrativas vieram elevadas por causa dos investimentos estruturantes para a simplificação da nossa estrutura”, afirmou Ferreira, durante teleconferência com analistas.
A diretora financeira, Silvia Villas Boas, apontou que o ambiente macroeconômico mais fraco, especialmente no setor de beleza, contribuiu para o desempenho negativo. Segundo ela, os custos mais altos se concentraram no Brasil, mas os investimentos atuais visam projetos de inovação e digitalização de processos das consultoras e de outros canais de vendas.
“Decidimos não parar projetos que serão importantes para o crescimento da companhia a partir de 2026”, disse Villas Boas.
- A informação que os grandes investidores usam – no seu WhatsApp! Entre agora e receba análises, notícias e recomendações.
Resultado abaixo do esperado faz ações despencarem
Por volta das 13h30 (horário de Brasília) desta segunda-feira (10), as ações NATU3 despencam, com queda superior a 15% (R$ 7,79). Para o Itaú BBA, os resultados da Natura ficaram aquém das já baixas expectativas do mercado.
O banco avalia que a desaceleração do consumo no Brasil, somada aos desafios na implementação da “Onda 2” na Argentina — que tem gerado disrupções temporárias — e à continuidade da fraqueza das operações no México, resultaram em contração da receita e pressão adicional sobre as margens.
“Apesar das baixas expectativas, a deterioração da receita e das margens foi mais profunda do que o esperado”, afirmou o Itaú BBA. O relatório completa dizendo que dada a recente volatilidade nos resultados da Natura, esse desempenho pode minar ainda mais a confiança, atrasando uma recuperação das ações.
O banco prevê que o mercado deve revisar para baixo suas estimativas de lucro líquido, atualmente em torno de R$ 1,4 bilhão. Ainda assim, mantém recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 13 — potencial de valorização de 41,3%.









