O Ibovespa igualou o recorde de 15 pregões consecutivos em alta — visto pela última vez em 1994, durante o lançamento do Plano Real —, nesta terça-feira (11), após um avanço de 1,60%, aos 157.748 pontos.
O otimismo com o principal índice da Bolsa de Valores brasileira tem diversos fatores de influência, tanto no Brasil quanto no exterior. Hoje, o Ibovespa avança em ritmo mais contido, em alta de 0,19%, aos 158.046,74 pontos.
O Monitor do Mercado ouviu especialistas para entender os motivos e mapear os rumos que o índice pode tomar até o final de 2025.
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Fatores externos pesam sobre o Ibovespa
Um dos principais pontos levantados durante as análises foi o corte nos juros dos Estados Unidos. Com taxas menores nos EUA, os investidores tendem a buscar rendimentos maiores em países emergentes, como o Brasil.
“Os juros norte-americanos influenciam muito na Bolsa brasileira. Com os dois cortes anunciados pelo Federal Reserve, aumentou o incentivo para tirar [alocação] da renda fixa dos Estados Unidos e ir para o resto do mundo”, explicou Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Até o último pregão de outubro, os estrangeiros já haviam aportado R$ 25,9 bilhões na Bolsa brasileira, revertendo consideravelmente o resultado do ano anterior, quando os investidores fugiram da B3 e retiraram R$ 24,1 bilhões.
O shutdown, a paralisação do governo norte-americano, também foi citado como um dos propulsores do Ibovespa. As negociações nos últimos dias deram um novo fôlego ao mercado, fazendo com que o índice avançasse de forma sustentável, renovando o recorde de fechamento por 12 pregões seguidos.
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Influência do cenário doméstico
Nesta terça, as atenções se voltaram para a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e para os números da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O tom da ata foi considerado mais dovish (mais suave) do que o comunicado feito após a decisão na última quarta-feira (5) e ajudou a impulsionar o Ibovespa, sob a expectativa de que um corte na taxa Selic possa ser anunciado ainda em janeiro.
No mercado de juros futuros, os vencimentos recuaram para os menores níveis em um ano. O dólar também operou nas mínimas, encerrando o pregão em R$ 5,27.
A inflação também surpreendeu o mercado, com a alta de 0,09% representando o menor nível para outubro desde 1998, e levando o IPCA para próximo do teto da meta, aos 4,68%.
“O fato de a ata do Copom dar sinais de que a taxa de juros atual é suficiente para convergir à meta de inflação deixa o investidor mais confiante para investir na bolsa”, afirmou Eduardo Ohannes Marzbanian, analista da Eleven Financial Research.
Para o analista, apesar de o movimento atual da Bolsa começar a dar sinais de exaustão, isso não significa que haja uma reversão de tendência no curto prazo. “A tendência de médio prazo permanece de alta”, ressaltou Marzbanian.
Itaú ainda considera a Bolsa barata
Durante o evento Ponto de Virada 2025, promovido pelo Itaú nesta terça-feira (11), o superintendente íon Itaú e head da Itaú Corretora, Márcio Kimura, explicou que apesar do recorde, os balanços das empresas brasileiras listadas na Bolsa estão sendo negociados 20% abaixo da média histórica na comparação do entre o preço das ações e o lucro.
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O banco segue com recomendação neutra para o Ibovespa, mas entende que os investidores não podem ficar sem alocações em renda variável.
“Nossa visão é neutra para a Bolsa. Para ficar positivo, precisaria de uma expectativa de alta de 20% para o Ibovespa em 2026, o que o levaria para cerca dos 185 mil pontos. Acho meio puxado”, explica Martin Iglesias, líder em recomendação de investimentos do Itaú.
Já William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, reforça a influência dos fatores externos. Para ele, os investidores que possuíam ativos alocados nos EUA reduziram as posições e buscaram por mercados emergentes após a série de medidas anunciadas por Donald Trump nos últimos meses.
Gustavo Cruz acredita que a relação de Trump com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também influencia, visto que após o encontro entre os líderes na Malásia trouxe a percepção de melhora na relação comercial entre os países.
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Crescimento sustentável ou queda à vista?
Para Marzbanian, o momento atual da Bolsa é de impulsão. Contudo, os indicadores técnicos apontam que o mercado está em região de sobrecompra (preço tem subido consistentemente e pode resultar em queda) e que a melhor janela de compra no curto prazo já passou.
“Como essa pernada de alta ocorreu de forma relativamente silenciosa, com baixa participação tanto de investidores individuais quanto institucionais, ainda há espaço para que esses agentes sustentem o próximo movimento de impulsão da Bolsa”, explica.
O analista considera que com base nas extensões de Fibonacci (análise técnica), a projeção para o Ibovespa está na casa dos 164.400, no entanto, ele destaca que não há uma data específica para o alvo ser alcançado, por se tratar apenas de uma projeção de preço.
Para Cruz, o cenário segue incerto, já que a volatilidade da renda variável não indicar um comportamento previsível, mas os próximos passos dos bancos centrais podem trazer respostas nos próximos meses. A RB Investimentos projeta o Ibovespa em 160 mil pontos no fim de 2025.









