Os desembolsos do BNDES atingiram R$ 101,9 bilhões de janeiro a setembro deste ano, valor que representa uma alta nominal de 17% frente ao mesmo período de 2024, conforme dados divulgados pelo banco nesta sexta-feira (14).
Os desembolsos correspondem aos recursos efetivamente liberados para financiamentos em andamento.
No terceiro trimestre, as aprovações de novos financiamentos somaram R$ 139,2 bilhões, com variação nominal estável na comparação anual. Considerando desconto à inflação, houve queda.
Segundo o BNDES, as aprovações indicam o ritmo futuro dos desembolsos, já que grande parte das linhas do banco tem liberação de recursos ao longo de vários anos.
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BNDES diz que tarifaço impactou aprovações
O Diretor-Financeiro e de Mercado de Capitais do BNDES, Alexandre Abreu, afirmou em coletiva de imprensa para apresentação dos resultados financeiros e desempenho operacional do banco, que a expectativa é de que as aprovações voltem a crescer no quarto trimestre por fatores “sazonais”.
Já o Presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, acrescentou que as aprovações foram impactadas por incertezas relacionadas ao tarifaço adicional imposto pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras, em vigor desde o início de agosto.
“Um fator fundamental foi o impacto do tarifaço, que deu certa insegurança”, afirmou Mercadante. Segundo ele, empresas que têm pedidos de financiamento em análise adiaram o fechamento das operações devido a incertezas envolvendo o comércio com os EUA.
Brasil Soberano ameniza cautela
Mercadante informou ainda que o programa Brasil Soberano contribuiu para reduzir parte da insegurança das empresas afetadas pelas sobretaxas anunciadas pelos Estados Unidos.
Até esta quinta-feira (13), as aprovações do programa somavam R$ 7,6 bilhões, segundo o presidente. Desde o início das operações no BNDES, em 18 de setembro, foram aprovados 535 empréstimos.
O Brasil Soberano tem previsão total de R$ 30 bilhões em crédito subsidiado para empresas exportadoras impactadas pelo tarifaço. O BNDES anunciou também R$ 10 bilhões com recursos próprios para complementar as operações.
Segundo Mercadante, a demanda total pelo programa chegou a R$ 9,7 bilhões. O BNDES analisa R$ 2,1 bilhões em pedidos.
O presidente destacou ainda que o Conselho Monetário Nacional aprovou flexibilizações no programa, que agora passa a incluir fornecedores de empresas exportadoras.
A inclusão, no entanto, depende do envio, pela Receita Federal, da lista de empresas que atendem aos critérios. Mercadante disse que a expectativa é de recebimento das informações até o dia 24.
Lucro recorrente do BNDES avança em 2025
O lucro líquido recorrente do BNDES alcançou R$ 11,2 bilhões nos nove primeiros meses de 2025, alta de 14,2% em relação ao mesmo período de 2024.
A carteira de crédito expandida também avançou, encerrando o mês de setembro com R$ 616 bilhões, 5,3% acima de dezembro de 2024, no maior nível dos últimos nove anos.
Já inadimplência em atraso superior a 90 dias foi de 0,008%, abaixo da registrada pelo Sistema Financeiro Nacional, conforme dados divulgados pelo banco.
O BNDES registrou ainda o terceiro maior lucro líquido do sistema, somando R$ 17,2 bilhões.
Dividendos impactam lucro contábil
Apesar do avanço do lucro recorrente, o lucro contábil do BNDES no período de janeiro a setembro reduziu 9,1%, com queda atribuída à menor fatia de dividendos pagos pela Petrobras.
“Os dividendos pagos pelas nossas investidas nos nove meses somam R$ 4,2 bilhões, R$ 1,9 bilhão a menos por queda de 53% dos dividendos pagos pela Petrobras”, explicou Abreu.
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Desempenho da carteira de participações
Desde janeiro de 2023, a carteira de participações societárias variou R$ 20,9 bilhões. O banco vendeu R$ 4,8 bilhões e recebeu R$ 23,7 bilhões em proventos, totalizando R$ 49,4 bilhões de rendimento no período.
Já a carteira acionária chegou a R$ 83,6 bilhões, valor que corresponde a uma alta de 1,8% frente a dezembro de 2024, impulsionada por valorização de empresas não coligadas e alienações de ações.
As principais empresas investidas no período continuam sendo Petrobras (PETR4), JBS (JBSS3), Axia Energia (antiga Eletrobras) e Copel (CPLE6).
Enquanto indicador de capital, o índice de Basileia do banco foi de 25,8% em 30 de setembro, ante 28,2% registrados em 31 de dezembro de 2024.









