O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, perdeu o ritmo de altas na sessão desta segunda-feira (17), encerrando em baixa de 0,47%, aos 156.992 pontos, impactado pela aversão ao risco no exterior. Lá fora, os investidores aguardam com cautela a divulgação de dados oficiais do governo norte-americano, que ficaram suspensos durante o shutdown.
O payroll, dado importante que reflete o desempenho do mercado de trabalho, está previsto para esta semana e deve influenciar a próxima decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) em dezembro.
Em destaque no Ibovespa, entre as blue chips (ações de maior peso no índice), a Petrobras registrou alta de 0,26% (PETR3) e 0,55% (PETR4) impulsionada pela repercussão da descoberta de petróleo no pós-sal da Bacia de Campos, enquanto a Vale recuou 0,46%.
Já o setor financeiro pressionou o desempenho do Ibovespa, com destaque negativo para Itaú (ITUB4: – 0,64%) e Bradesco (BBDC4: -1,18%). Por outro lado, a MBRF (+4,92%) liderou as altas do dia e a Rumo amargou uma perda de 9,08%.
No fim do dia, o dólar registrou alta de 0,64% ante o real, cotado a R$ 5,33, em meio à aversão ao risco no exterior, com queda nas bolsas de Nova York e preocupação com uma possível bolha no setor de tecnologia.
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No mercado internacional, Wall Street iniciou o dia no modo aversão ao risco após uma onda de venda de ações de tecnologia nos Estados Unidos e com as big techs pressionando os índices globais às vésperas do balanço da Nvidia. As ações da gigante de tecnologia caem cerca de 2% antes da divulgação dos resultados do terceiro trimestre.
Outro fator que confere um cenário de cautela no mercado nacional nesta manhã é a expectativa para a decisão de política monetária do Fed, antes da divulgação do payroll de setembro, nesta quinta-feira (20).
No Brasil, repercute o caso do Banco Master — o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master S.A. e o colocou em regime de administração especial temporária, em decorrência de uma investigação sobre a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira, de acordo com a Polícia Federal (PF).
Na manhã desta terça-feira (18), o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro foi preso no aeroporto de Guarulhos, em flagrante numa tentativa de fuga do país. Também foi preso Augusto Lima, principal sócio de Daniel Vorcaro no Banco Master.
As prisões ocorreram durante a operação Compliance Zero da PF, que cumpre cinco mandados de prisão preventiva e 25 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares em SP, Rio, Minas, Bahia e DF.
A liquidação extrajudicial do Banco Master ativa a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para os investidores que têm CDBs da instituição. O FGC garante até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, porém qualquer valor que ultrapasse esse limite não é ressarcido. O pagamento considera a ordem das aplicações, das mais antigas para as mais recentes, já descontando o Imposto de Renda e, caso o investimento tenha menos de 30 dias, também o IOF.
Especialistas ouvidos pelo Valor afirmam que a intervenção no Banco Master não representa risco sistêmico relevante para o sistema financeiro, mas deve pressionar o FGC devido ao volume de ressarcimentos. O episódio também deve reacender a discussão sobre a modernização das regras de resolução bancária, atualmente parada no Congresso.
Manchetes desta manhã
- Caso Banco Master: Se foi decidido pela liquidação do Master, processo ‘deve estar robusto’, diz Haddad (Valor)
- Com aporte árabe, Grupo Fictor anuncia compra do Banco Master (O Globo)
- AGU foi alertada sobre INSS e Messias ignorou caso do sindicato de irmão de Lula (Estadão)
- Investimento em ‘data center’ no país deve passar de R$ 60 bi até 2029 (Valor)
Mercado global
As Bolsas da Europa caem de forma expressiva, acompanhando o movimento em Nova York, diante da retomada das preocupações com as altas avaliações das empresas de tecnologia e da proximidade do balanço da Nvidia.
De acordo com Sundar Pichai, presidente da Alphabet, em entrevista à BBC, todas as empresas seriam afetadas caso a bolha da inteligência artificial (IA) estourasse. O crescimento do investimento em IA foi um “momento extraordinário”, mas havia certa “irracionalidade”, disse Pichai.
Na Ásia, os índices fecharam em queda com a postura mais cautelosa dos investidores diante da proximidade do balanço da Nvidia, que pode testar as avaliações do setor de IA. Além disso, o clima ainda pesa com os novos atritos entre Japão e China motivados por declarações sobre Taiwan.
As bolsas chinesas fecharam em queda (Xangai: -0,81% e Shenzhen: -0,92%) e, em Hong Kong, a queda do índice Hang Seng foi de 1,72%. Japão, Coreia do Sul e Taiwan tiveram as quedas mais expressivas no pregão desta terça-feira. Em Tóquio, o Nikkei perdeu 3,17% e, em Seul, o Kospi caiu 3,32% e em Taipé, o índice Taiex perdeu 2,52%.
Em Nova York, os índices futuros recuam em cenário de aversão ao risco antes da divulgação dos resultados da Nvidia e do payroll.
Confira o desempenho dos principais índices globais:
•S&P 500 Futuro -0,3%
•FTSE 100 -1%
•CAC 40 -1,2%
•Nikkei 225 -3,2%
•Hang Seng -1,7%
•Shanghai SE Comp. -0,8%
•MSCI World -0,4%
•MSCI EM -1,8%
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Commodities
- Petróleo: se mantém estável após a Opep afirmar que prevê um mercado equilibrado em 2026. O secretário-geral Haitham al Ghais contestou relatos de que o grupo projetava um excedente, explicando que a revisão — de déficit para equilíbrio — motivou a recente pressão sobre os preços.
A entidade estima aumento de 1,3 milhão de barris por dia na oferta de países fora da Opep e alta de 1,6 milhão de barris por dia na demanda global. Operadores seguem esperando que o cartel amplie a produção.
O Brent/jan recua 0,03%, cotado a US$ 64,18 e o WTI/dezembro avança 0,03%, a US$ 59,93 - Minério de ferro: fechou em alta de 1,41% em Dalian, na China, cotado a US$ 111,37/ton.
Em Singapura, os contratos futuros avançam 0,14%, cotados a US$ 104,40/ton e o mercado à vista tem leve alta de 0,05%, cotado a US$ 104,50/ton.
Cenário internacional é de expectativa com falas do Fed
Nos EUA, o mercado acompanha os discursos de dois dirigentes do Federal Reserve (Fed), em meio às expectativas para a reunião de dezembro, que pode trazer um novo corte de juros. Às 12h30, fala Michael Barr, vice-presidente de supervisão, e às 13h será a vez de Thomas Barkin, membro do Comitê Federal de Mercado Aberto.
A agenda do dia também destaca o relatório da ADP, que mede a criação de vagas no setor privado americano e dados sobre a produção industrial.
Nesta segunda-feira, o vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, afirmou que os riscos para o mandato de emprego aumentaram, enquanto os riscos de alta para a inflação diminuíram.
Ele apoiou o corte de juros decidido na última reunião, mas ressaltou que ainda não está claro quantos dados relevantes estarão disponíveis até o encontro de dezembro.
Cenário nacional repercute o caso do Banco Master
No Brasil, o mercado acompanha o caso do Banco Master. Segundo apuração da Globonews , o presidente Daniel Vorcaro, estava ontem na sede do banco, no bairro da Vila Olimpia, em SP, quando a imprensa divulgou o negócio entre o Grupo Fictor e o Master.
A PF, que já monitorava os passos de Vorcaro, teve que antecipar parte da operação ‘Compliance Zero’, marcada para esta manhã, para ontem à noite e realizou a detenção do presidente do Master. As demais ações foram realizados na manhã desta terça-feira.
Daniel Vorcaro e outros administradores do Banco Master podem responder, ao final do processo, por gestão fraudulenta. Poderão responder ainda por gestão temerária e por participarem de organização criminosa.
Em dia de agenda econômica mais esvaziada, destaque para os compromisso políticos do dia: o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participa da primeira sessão da 63ª reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef).
Enquanto isso, no Planalto, o presidente Lula cumpre agenda de reuniões, incluindo um encontro às 17h com o ministro da Defesa, José Múcio.
No cenário geopolítico, Brasil e Paraguai acertaram retomar, na primeira quinzena de dezembro, as negociações sobre o Anexo C de Itaipu, após o impasse provocado pela divulgação de operações da Abin em território paraguaio.
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Destaques do setor corporativo
- Banco Master: o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master o colocou em regime de administração especial temporária.
- SABESP: concluiu a maior emissão de sua história, levantando R$ 5 bilhões em debêntures para reforçar estrutura financeira e avançar na otimização da dívida.
- XP Inc.: reportou lucro ajustado de R$ 1,33 bi no 3º trimestre, impulsionado por receitas de R$ 4,9 bi e expansão das operações.
- Azzas: aprovou a distribuição de R$ 180 milhões em dividendos, com pagamento em 1º de dezembro e direito assegurado até 24 de novembro.
- Copel: preferencialistas aprovaram conversão obrigatória das ações, permitindo o avanço da migração ao Novo Mercado.
- ISA Energia: iniciou a operação comercial do Bloco 1 do projeto Piraquê com 22 meses de antecedência em relação ao prazo da Aneel.
- Oi: Pimco reduziu participação na companhia para 29,97% do capital, após vender parte das ações ordinárias detidas.









