Em meio às discussões globais da COP 30, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) se une a lideranças do setor produtivo e lança nesta quarta-feira (19), em Belém, a Agenda Empresarial de Desenvolvimento Econômico Sustentável 2030.
O documento reúne associações de comércio, serviços, indústria e agropecuária em uma aliança por práticas ambientais sustentáveis, inclusão social e transição energética.
O lançamento ocorre durante a COP 30, conferência da ONU que discute políticas globais sobre mudanças climáticas, e coloca o setor empresarial na linha de frente de iniciativas relacionadas à sustentabilidade.
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Em entrevista exclusiva ao Monitor do Mercado, Marco Kobayashi, coordenador do Conselho Empresarial da Amazônia Legal da CACB, afirmou que a iniciativa reúne demandas e prioridades dos nove estados da Amazônia Legal.
Kobayashi afirma que a COP30 representa o momento ideal para formalizar o pacto: “Esse é o melhor momento para se fazer uma assinatura simbólica e um memorando empresarial de Belém 2025. A gente usa até o termo de Belém para o mundo, para buscar e fortalecer os negócios, não só na Amazônia, mas no país todo.”
Agenda lançada na COP 30 prevê metas até 2030
A agenda recém lançada durante a COP 30 é organizada pelo Conselho Empresarial da Amazônia Legal, ligado à CACB, e estabelece sete objetivos centrais, que devem ser cumpridos até 2030.
- regulamentar o sistema brasileiro de comércio de emissões de gases de efeito estufa
- provocar a criação de incentivos junto ao governo federal
- fomentar programas de logística reversa
- promover educação ambiental no meio empresarial
- realizar parcerias para adaptação das empresas à transição energética
- valorizar produtos da bioeconomia
- viabilizar o programa CEP Para Todos Amazônia, em parceria com o Instituto Liberal de São Paulo
Entre as propostas estão a ampliação de incentivos como IPTU Verde e ICMS Ecológico, mecanismos que reduzem impostos para empresas que adotam práticas ambientais, e ações de coleta seletiva para destinação correta de resíduos industriais.
Inclusão social como estratégia econômica
Um dos eixos da Agenda Empresarial de Desenvolvimento Econômico Sustentável 2030 é a inclusão social. A CACB desenvolve o projeto “CEP Para Todos Amazônia”, que cria identificação documental e endereçamento fiscal para populações ribeirinhas e rurais da região.
Segundo Alfredo Cotait Neto, presidente da CACB, “a iniciativa estimulará o empreendedorismo local e dará credibilidade e dignidade do cidadão ribeirinho e rural”.
Kobayashi ressalta que um dos destaques desse projeto é promover o empreendedorismo local e credibilidade para as pessoas que não podem eventualmente receber uma encomenda ou abrir uma empresa porque não tem endereço registrado.
Ele destaca também a importância da articulação com agentes públicos: “É um trabalho voltado para o empreendedorismo, mas com uma responsabilidade social que é pertinente das associações também. E para isso precisa ter uma relação importante com o agente político para que essas boas práticas de gestão e de sustentabilidade sejam implantadas.”
A medida busca facilitar a abertura de empresas, o recebimento de encomendas e o acesso a serviços financeiros, o que pode ampliar a formalização e gerar novos negócios na região.
Implementação e captação de recursos
A execução ficará a cargo da CACB, que mobilizará federações estaduais, associações municipais e parceiros do setor privado e público. Haverá captação de recursos com governos, parlamento, organismos internacionais, instituições financeiras e embaixadas.
Para garantir respaldo jurídico às ações, será assinado o Memorando Empresarial de Belém 2025 pelos presidentes da CACB, da Associação Comercial do Pará (ACP), da Faciapa e pelo coordenador do Conselho Empresarial da Amazônia Legal.
Projeto terá início em Porto Velho
Kobayashi adiantou ao Monitor do Mercado que o projeto CEP Para Todos Amazônia começará por Porto Velho, atendendo inicialmente 250 famílias, com estimativa de alcançar 10 mil residências até o fim de 2026.
No entanto, destacou que o setor empresarial não consegue arcar sozinho com os custos de adaptação às normas ambientais e sociais. Em suas palavras: “O Estado tem que contribuir, porque o empresário não consegue mais uma carga em cima e carregar o Brasil nas costas. Precisa ter uma contrapartida de todos os lados.”
Ele avalia ainda que a implementação adequada deve gerar impactos relevantes no PIB brasileiro e na economia local.
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Lançada na COP 30, agenda tem logística reversa e bioeconomia como pilares
Kobayashi afirmou que a agenda seguirá com ações para ampliar incentivos fiscais e programas de logística reversa, além de promover educação ambiental dentro das associações.
“A gente vai promover também eventos, reuniões, ações de educação ambiental dentro das associações, para que a gente possa conscientizar o empresariado e o poder público”, disse.
Sobre a bioeconomia, ele destacou que o projeto busca valorizar os insumos da bioeconomia, colaborando com toda a cadeia de produção local e, especialmente, na exportação dos chamados bioprodutos.









