A retirada das sobretaxas impostas pelos Estados Unidos ao café brasileiro começa a destravar o fluxo de exportações do país. Após eliminar, em 14 de novembro, a tarifa de 10% criada em abril, o governo norte-americano retirou, na última quinta-feira (20), o café in natura da lista de produtos sujeitos à sobretaxa de 40%.
A medida foi recebida com otimismo por analistas e pelo setor exportador, segundo estudo da Equipe Café CEPEA/ESALQ do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA).
Para o Brasil, que já registrava lentidão nos embarques da safra atual, a decisão reduz o risco de perda de mercado para concorrentes. As preocupações vinham crescendo desde a aplicação das tarifas, que haviam reduzido o ritmo de vendas ao principal destino do café brasileiro.
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Café solúvel segue com tarifa elevada
Apesar do alívio para o grão in natura, o café solúvel continua sujeito à sobretaxa de 50%. Os Estados Unidos são um dos principais compradores dessa categoria: segundo o Cecafé, as exportações de solúvel para o país somaram 777,4 mil sacas em 2024, cerca de 9,6% do total embarcado.
A manutenção da tarifa faz com que as negociações entre Brasil e EUA continuem, com o objetivo de incluir também o produto processado na lista de isenções.
Entidades do setor afirmam que o período de restrição — cerca de três meses — pode limitar os impactos negativos. Embora o Brasil tenha reduzido as vendas nesse intervalo, compradores americanos trabalharam com estoques ou volumes disponíveis enquanto aguardavam a retirada completa da sobretaxa.
Mercado reage com volatilidade após anúncio
A expectativa era de queda mais consistente nos preços internacionais após o anúncio do fim da tarifa. Na sexta-feira (21), o contrato Março/26 — o mais negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures) — chegou a recuar mais de 2.000 pontos durante o dia. No fechamento, porém, a queda foi de 720 pontos, a 369,45 centavos de dólar por libra-peso.
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Mesmo com a notícia, o mercado segue influenciado pela baixa oferta global e pelos estoques reduzidos, fatores que sustentam as cotações. No Brasil, apesar da melhora no clima, algumas regiões ainda registram chuvas abaixo da média, o que impede previsões precisas para a safra 2026/27.
No mercado brasileiro, os preços também recuaram na sexta, mas em um dia de baixa liquidez. O feriado de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, limitou a atuação de agentes e reduziu as negociações.
