O Brasil registrou em 2024 os melhores níveis de renda, desigualdade e pobreza desde o início das pesquisas domiciliares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1995. Os dados estão em uma nota técnica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada nesta terça-feira (25).
Segundo o estudo, assinado pelos pesquisadores Pedro Herculano Souza e Marcos Dantas Hecksher, 2024 marcou o ponto mais alto de toda a série histórica.
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Brasil registra menores níveis de pobreza da série
Em 2024, 4,8% da população vivia abaixo da linha de extrema pobreza (US$ 3 por dia) e 26,8% abaixo da linha de pobreza (US$ 8,30 por dia). Apesar de ainda elevada, essa é a menor proporção registrada desde 1995.
Mais de 60% da redução da extrema pobreza entre 2021 e 2024 veio da melhoria na distribuição de renda, segundo as decomposições usadas no estudo.
Renda cresce 70% em três décadas; desigualdade cai 18%
Ao longo dos últimos 30 anos, a renda domiciliar per capita aumentou cerca de 70%, enquanto o índice de Gini — indicador usado para medir desigualdade — caiu quase 18%. A taxa de extrema pobreza recuou de 25% para menos de 5%.
Os pesquisadores destacam que o avanço não ocorreu de forma contínua. Houve aceleração entre 2003 e 2014, interrupção entre 2014 e 2021 — período marcado por recessão e pandemia — e retomada mais forte entre 2021 e 2024.
Entre 2021 e 2024, a renda média cresceu mais de 25% em termos reais, o maior aumento em três anos seguidos desde o Plano Real.
Trabalho e assistência social puxam melhora entre 2021 e 2024
A recuperação recente, segundo o Ipea, teve duas forças equivalentes: o mercado de trabalho aquecido e a ampliação das transferências de renda. Cada fator respondeu por cerca de metade da queda na desigualdade e na extrema pobreza.
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Entre os programas citados estão Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC), Auxílio Brasil e Auxílio Emergencial.
O estudo aponta, porém, que o efeito das transferências perdeu força entre 2023 e 2024, após o fim do ciclo de expansão. Nesse período, o mercado de trabalho assumiu papel maior na melhora dos indicadores.
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Perspectivas e limites
O Ipea avalia que o ritmo de avanço tende a desacelerar diante da estabilização das transferências assistenciais. Com isso, o mercado de trabalho deverá ser ainda mais determinante nos próximos anos.
Os autores lembram que pesquisas domiciliares normalmente subestimam rendas muito altas e parte das transferências sociais — o que exige cautela na leitura dos resultados. Mesmo assim, afirmam que o período recente representa “uma mudança estrutural importante” após anos de estagnação.









