A alta da Bolsa brasileira em meio às quedas nós EUA; a entrada do Brasil na OCDE; e as vendas astronômicas da Apple no último trimestre. A semana que termina trouxe tudo isso e mais.
1) Na contramão de Nova York, Bolsa segue em alta
O Ibovespa manteve a trajetória positiva nesta quinta-feira (27), aproximando-se dos 113.000 pontos e fechou no azul pelo terceiro dia consecutivo. Descolado das bolsas internacionais e embalado pela valorização dos bancos e da Petrobras, o principal índice da B3 acumula alta de 7,43% desde o início do ano.
Após expressivas perdas no segundo semestre de 2021, a bolsa brasileira está descontada e atrai cada vez mais estrangeiros, que buscam ações sólidas, baratas e com potencial de valorização, como os grandes bancos e as exportadoras de commodities.
Com o mercado na contramão dos Estados Unidos, onde o Federal Reserve (banco central americano) se prepara para subir juros em março, a B3 já havia recebido quase R$ 23 bilhões de capital estrangeiro até terça-feira (25).
Associada a estes fatores está a expectativa de uma política expansionista por parte da China, o que impulsiona a demanda dos setores de mineração e siderurgia no Brasil.
O que se enxerga agora é que o mercado se antecipou, precificou o fator político e os riscos fiscais nos últimos meses; e neste momento, corre atrás do prejuízo. Resta saber até quando, em pleno ano eleitoral, o Ibovespa manterá o fôlego.
2) Decisão controversa da CVM preocupa gestores de fundos imobiliários
Uma decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a distribuição dos rendimentos do fundo Maxi Renda FII (MXRF11) tem balançado toda a indústria de fundos imobiliários desde terça-feira (25).
Segundo o novo parecer da entidade reguladora, as gestoras de FII’s só estariam autorizadas a distribuir dividendos mediante apuração de lucro contábil – o que contraria um ofício expedido pela própria autarquia em 2014 e a prática em vigor no mercado desde então, que consiste na distribuição dos rendimentos com base em regime de caixa.
Por mais que não se trate de uma decisão resolutiva, e não unânime pelo colegiado da CVM (com possibilidades de reavaliação), o novo entendimento gerou apreensão e contestações por parte de gestores, especialistas e investidores nos últimos dias.
De acordo com Daniel Caldeira, sócio da Mogno Capital, caso o novo parecer prospere, o pagamento de proventos pelos fundos ficaria imprevisível e essa modalidade de investimento, que hoje conta com 1,5 milhão de pessoas, se tornaria menos atrativa. Ele também ressalta os prejuízos que o mercado teria e critica a insegurança jurídica provocada pelo anúncio.
Vale pontuar que a administração do MXRF11 irá recorrer da decisão e que o processo ainda não foi concluído. Advogados especializados em direito financeiro acreditam na revisão de decisão da autarquia, sobretudo, por conta das mudanças na composição do colegiado da comissão. O relator do caso, Fernando Galdi, deixou o órgão em dezembro do ano passado e será substituído pelo advogado e mestre em Economia João Accioly, que tem orientação liberal.
3) OCDE abre processo para ingresso do Brasil
Membros do conselho da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aprovaram nesta terça-feira (25) o convite para que o Brasil inicie as negociações para adesão à entidade. Desde 2017, quando Michel Temer ocupava a presidência e Aloysio Nunes estava no Itamaraty, o governo brasileiro tenta ingressar no grupo.
Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia também receberam o mesmo convite. A partir de agora, inicia-se um processo que costuma demorar em média de três a quatro anos para que o Brasil se adeque aos 251 instrumentos normativos da entidade e assim, oficialize sua entrada no grupo.
De acordo com o chanceler Carlos França, o país já se encontra em estágio avançado na tramitação, dado que 103 dos requisitos necessários já foram cumpridos.
Desejo antigo da diplomacia brasileira, a OCDE reúne hoje 38 países democráticos com economias de mercado sólidas, e tem como objetivo estimular o progresso econômico e o comércio mundial. A última nação que se juntou ao bloco (informalmente chamado de “clube dos países ricos”) foi a Costa Rica, em maio de 2021.
4) Economia dos Estados Unidos tem o maior crescimento desde 1984
O Produto Interno Bruto (PIB) americano acelerou no último trimestre de 2021 e o país fechou o ano com crescimento econômico de 5,7% – o melhor resultado em quase quatro décadas.
O aumento de 6,9% do PIB no quarto trimestre de 2021 – marcado por investimentos expressivos das empresas no abastecimento de estoques – foi superior ao ritmo observado em períodos anteriores.
A retomada da economia americana foi alimentada por fortes estímulos fiscais e juros mínimos, que não devem ser mantidos no decurso deste ano, como vem alertando o Federal Reserve.
A despeito do crescimento superior às expectativas, os números poderiam ter sido ainda melhores se não fosse pelo surto de infecções causadas pela variante Ômicron, que reduziu o consumo e paralisou fábricas no país.
5) Impulsionado por iPhone, lucro da Apple cresce 20% no primeiro trimestre
A Apple divulgou ao mercado nesta quinta-feira (27) a maior receita líquida de sua história: US$ 123,9 bilhões, referente ao primeiro trimestre fiscal de 2022. O lucro líquido apurado foi de US$ 34,63 bilhões, cifra 20,4% maior do que o montante registrado no mesmo período de 2020.
No recorte regional, as Américas seguem sendo o principal mercado da marca, com US$ 51,49 bilhões em vendas. Logo abaixo, vem a Europa, com US$ 29,74 bilhões, e a China, com US$ 25,78 bilhões.
Os números comprovam que a empresa se comportou com resiliência diante da falta de distribuição de microchips nas cadeias globais de produção. Nesta terça-feira (25), o Departamento do Comércio dos Estados Unidos divulgou que o país possui o equivalente a cinco dias de estoque de semicondutores.
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