A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou nesta segunda-feira (21) as orientações para clubes de futebol abrirem seu capital na Bolsa de Valores.
O Parecer 41, como foi chamado o documento, se baseia na lei da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e das Sociedades por Ações e tem como objetivo orientar não só os donos dos clubes, mas também os investidores do mercado.
“A Lei da SAF permite trazer o futebol para o ambiente da empresarialidade, trazendo novas atividades e oportunidades para o esporte. O Brasil tem protagonismo indiscutível nesta seara e a estrutura do direito societário, do mercado de capitais e das finanças corporativas está preparada e de portas abertas para a indústria do futebol”, afirmou, em nota, João Pedro Nascimento, Presidente da CVM.
As SAFs que se adequarem as regras, poderão captar investimentos por meio de:
- Oferta pública inicial de ações (IPO);
- Dêbentures-fut;
- Crowdfunding de investimento;
- Fundos de investimento;
- Securitização.
Todas essas modalidades poderão ser usadas para planos de reestruturação de dívidas, financiar projetos no âmbito futebolístico, entre diversas outras finalidades. Os fantokens ficaram fora da fiscalização da CVM.
Algumas das obrigações dos clubes que quiserem aderir são:
- Na parte de governança, “o acionista controlador não poderá deter participação, direta ou indireta, em outra SAF”;
- Emitir fato relevante sempre que necessário, “inclusive na hipótese de retomada de direitos que tiverem sido suspensos”;
- Informar sempre que houver uma participação acionária acima de 5% do capital das companhias abertas (aquelas listadas em bolsa), dentre outras exigências.
O capital social deverá ser formado com contribuições em dinheiro, ou bens passíveis de avaliação monetária, como previsto no art. 7º da Lei das Sociedades por Ações e, é recomendado que profissionais registrados como auditores independes da CVM façam a avaliação dos ativos e passivos da sociedade.
Grupos financeiros que investem nas SAFs
Com o crescimento do novo modelo de negócio, diversos clubes da Série A do campeonato brasileiro já aderiram a nova modalidade, são eles: Bahia, Botafogo, Vasco, Cuiabá, Coritiba e Cruzeiro.
Tendo em vista o tamanho de suas torcidas, formação de atletas e as facilidades assegurada pela SAF, investir em um grande clube soa como música para quem reconhece os meandros do negócio.
777 Partners e Vasco
- Valor investido: 70% por R$ 700 milhões em até três anos.
- Data da Compra: 2 de novembro de 2022.
- Clubes que possui: Standard de Liége, da Bélgica; Genoa, da Itália; Melbourne Victory, da Austrália; Estrela Vermelha, da 3ª divisão francesa; e parte minoritária do Sevilla, da Espanha.
O fundo de investimentos norte-americano, possui atualmente 54 empresas em seu catálogo, que são divididas em 5 áreas: aviação; consumo e comércio; seguros; finanças de litígio; mídia e entretenimento (onde se encaixa os clubes de futebol).
John Textor e Botafogo
- Valor investido: R$ 700 milhões.
- Data da compra: 3 de março de 2022.
- Clubes que possui: Crystal Palace, da Inglaterra; RWD Molenbeek, da 2ª divisão belga; e Lyon, da França.
Formado em economia,Textor fez sua fortuna em torno do ramo da tecnologia e cinema. Em 2006, adquiriu a empresa responsável pelos efeitos especiais de filmes como “Vingadores”, “Deadpool”, “Titanic” e “Clube da Luta”, além de ser criador da FuboTV.
Grupo City e Bahia
- Valor investido: R$ 700 milhões em 15 anos.
- Data da compra: 4 de maio de 2023.
- Clubes que possui: Manchester City, da Inglaterra; New York City, dos Estados Unidos; Melbourne City, da Austrália; Mumbai City FC, da Índia; Lommel SK, da Bélgica; ESTAC Troyes, da (França); Montevideo City Torque, do Uruguai; Yokohama Marinos, do Japão; Girona, da Espanha; Sichuan Jiniu, da China; Palermo, da Itália; Bolívar, da Bolívia; e Annes, da França.
O grupo financeiro é tido como o bilhete dourado para as SAFs, já que é financiado pela família real de Abu Dhabi, e tem como principal expoente de sua vitrine o Manchester City, da Inglaterra, clube campeão da última Champions League e ganhou 5 das últimas 6 edições do campeonato inglês, considerada o mais forte do mundo.
Ronaldo Nazário e Cruzeiro
- Valor investido: R$ 400 milhões até 2026.
- Data da compra: 14 de abril de 2022.
- Clubes que possui: Real Valladolid, da Espanha.
Ronaldo Nazário, conhecido como Ronaldo Fenômeno, é ex-jogador de futebol e, após se aposentar, entrou no ramo empresarial.
Treecorp e Coritiba
- Valor investido: R$ 1,1 bilhão até 2033.
- Data da compra: 22 de junho de 2023.
- Clubes que possui: Coritiba foi a primeira aquisição no futebol.
Treecorp é uma gestora de investimentos que atua no campo das private equitys, ou seja, aplicação de recursos em empresas já estabelecidas.
Família Dresch e Cuiabá
- Valor investido: Não divulgado.
- Data da compra: 13 de dezembro de 2021.
- Clubes que possui: Cuiabá foi a primeira aquisição no futebol.
Além do Dourado, a Família Dresch é dona da empresa de produção de borracha Drebor. Desde 2009, antes mesmo da implementação da lei de clube-empresa, o time Dourado já operava sob essa estrutura, e apenas se ajustou à nova legislação.
Na Europa, investir em clubes já é algo comum, o Monitor do Mercado já levantou os times em que você pode investir.
Imagem: Rafael Ribeiro/Vasco
