De portas fechadas para a imprensa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se encontrará amanhã (16) com os banqueiros do Brasil, em plena Faria Lima, em São Paulo.
O evento será sediado na Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e o presidente da instituição, Isaac Sidney, já anunciou que apresentará “temas de interesse da indústria bancária”.
Além de Haddad, estarão no encontro o secretário de Reformas Econômicas, Marcos Pinto, os membros do Conselho Diretor da Febraban, integrado por CEOs de bancos, e a outros dirigentes do setor.
No evento, caberá ao ministro fazer apresentar a agenda do governo para melhoria do ambiente de crédito no país. A conversa deve incluir a Reforma Tributária, menina dos olhos do governo na pauta econômica – e seus ajustes necessários.
No momento, Haddad enfrenta pressão para que o Banco Central acelere os cortes de juros, bem como as dificuldades de manter os gastos do governo dentro da meta do arcabouço fiscal. Com os bancos, a queda de braço tem sido em relação aos limites para os juros rotativos do cartão de crédito.
No geral, os bancos não viveram um bom momento no último ano, tendo em vista que, somados,bancos inscritos na B3 tiveram uma queda de 9,4% no lucro em 2023. Itaú e BTG Pactual tiveram aumento da lucratividade.
Reforma Tributária
Com as eleições chegando no segundo semestre deste ano, uma das prioridades do governo é regulamentar a Reforma Tributária, aprovada no ano passado.
Em entrevista ao Monitor do Mercado, o relator da reforma na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (PT), explicou que o projeto aprovado não entra nos pontos específicos de como, efetivamente, o novo modelo irá funcionar, mas que tudo isso seria resolvido em 2024.
A questão é que o “aprova agora, regula depois” se torna uma das principais pressões sobre o Governo Federal, que tem menos de 4 meses para regulamentar todo um novo modelo econômico, os ajustes fiscais e negociar com o Congresso as pautas de interesse do governo.
Rotativo do cartão
Os juros rotativos do cartão de crédito são a taxa de juros cobrada quando o titular do cartão não paga o valor total da fatura até a data de vencimento. É um tipo de crédito oferecido pelas instituições financeiras aos usuários de cartão – e grande fonte de receita dos bancos.
Quando um consumidor faz uma compra com o cartão de crédito e não paga o valor total da fatura na data de vencimento, a parte não paga é automaticamente financiada pelo crédito rotativo. Os juros rotativos são, portanto, aplicados sobre o saldo não pago.
Desde o final do ano passado, há um embate entre o Governo Federal, os bancos e as empresas de maquininhas de cartão para a regulamentação do setor e viemos para 2024 com apenas uma decisão: de que o valor total dos juros não poderá ultrapassar o valor da dívida.
Bancos ainda querem limitar o número de parcelas sem juros enquanto empresas de maquininhas não veem necessidade de mexer na regulamentação.
Pressão sobre os cortes de juros
O governo ainda tem recebido recebe forte pressão do mercado para acelerar os cortes nos juros e injetar capital na iniciativa privada.
Com juros altos, a oferta de crédito fica pequena – já que o crédito fica mais caro. Consequentemente, os investimentos ficam limitados já que eles dependem de uma injeção de capital que ainda está salgada.
O Banco Central já vem baixando a taxa de juros, que hoje é de 11,25%, mas alguns acham que as quedas estão sendo muito pequenas e que a instituição está sendo conservadora com cortes de 0,5 ponto percentual.