O dólar à vista disparou na sessão desta terça-feira (16), com uma alta de 1,61%, cotado a R$ 5,27, após flertar com o patamar de R$ 5,29 no fim da manhã.
Esse foi o quinto dia consecutivo de valorização da moeda americana, acumulando um avanço de 5,21% neste período. No acumulado do ano, o dólar apresenta uma valorização de 8,56%.
Motivos da alta do dólar
A avaliação crescente de que os cortes de juros nos Estados Unidos podem ser limitados neste ano impulsionou uma nova rodada de alta das taxas dos Treasuries. Esse cenário tem impactado negativamente as moedas emergentes, incluindo o real, que também sofre com uma crescente percepção de risco fiscal doméstico.
Operadores relatam uma saída de recursos da bolsa doméstica e um aumento na demanda por dólares por parte de estrangeiros no segmento futuro. O volume de contratos de dólar futuro para maio foi robusto, superando US$ 24 bilhões. Dados da B3 indicam que investidores não residentes aumentaram suas posições compradas em derivativos cambiais em quase US$ 3 bilhões, totalizando cerca de US$ 69 bilhões.
Influência de tensões geopolíticas e declarações de Powell
Os temores de uma escalada no conflito no Oriente Médio, juntamente com declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, influenciaram o mercado. Powell mencionou que pode haver cortes de juros no futuro, mas que a recente leitura da inflação sugere que pode levar mais tempo para o banco central americano tomar essa decisão.
Análise de especialistas
Em entrevista para o Estadão, Gustavo Corradi Matos, economista e CIO da Medici Asset, observou que o fortalecimento global do dólar está ocorrendo em um momento em que investidores estão exigindo mais prêmios de risco para manter ativos domésticos, devido à piora do cenário fiscal. Ele sugere que o câmbio pode encontrar um novo piso em torno de R$ 5,20.
Comentário do ministro da Fazenda
Fernando Haddad, ministro da Fazenda, destacou que o ambiente externo tem sido responsável por dois terços do movimento dos ativos brasileiros. Haddad, que está em Washington para reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI), ressaltou que o peso mexicano tem sofrido mais do que o real diante das condições globais.