Aumento das temperaturas, eventos climáticos extremos e desastres naturais recorrentes têm marcado as últimas décadas, realçando a importância de investimentos em infraestrutura resiliente. Para além do impacto ambiental, as consequências econômicas nos convidam a uma reflexão sobre nossas políticas fiscais e estratégias preventivas.
Como as mudanças climáticas afetam a política fiscal?
Segundo Nelson Barbosa, diretor do BNDES, a inclusão dos riscos climáticos na formulação das políticas fiscais é imperativa. Ele explica que investir R$ 1 em prevenção pode economizar até R$ 15 em recuperação pós-desastres. Esta perspectiva transformadora sugere uma reavaliação de como os recursos são alocados em prevenção e preparação para desastres naturais.
Previsão e Prevenção: A matemática da economia climática
Barbosa destaca a complexidade de comunicar ao público a necessidade urgente de revisões nas abordagens fiscal e orçamental perante os desafios climáticos atuais. “Não é apenas uma questão de economia, mas de sobrevivência“, afirma ele. A mudança necessária reside na projeção e preparação para eventos extremos, que precisam ser vistos como investimentos essenciais, e não como gastos dispensáveis.
Qual o impacto do G20 na estrutura financeira para o clima?
Com o Brasil assumindo a presidência do G20, o foco está também no financiamento climático. Durante uma reunião no BNDES, especialistas discutiram a reforma dos bancos internacionais de desenvolvimento e dos fundos verdes internacionais. Essas reformas são consideradas cruciais para alinhar os fluxos financeiros de acordo com as metas do Acordo de Paris.
- Plataformas de Investimento: As discussões incluíram a criação de plataformas que incentivam a apresentação de novos projetos ambientais para potenciais investidores.
- Protagonismo Nacional: A relevância dos bancos nacionais no cenário do desenvolvimento sustentável e no financiamento de projetos com impacto ambiental positivo foi outro tema abordado.
Desafios e soluções para a infraestrutura resiliente
De acordo com Maria Netto, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, é fundamental repensar como os riscos são tradicionalmente tratados. Ela aponta que muitas seguradoras estão se recusando a cobrir certos tipos de infraestrutura devido ao alto risco associado aos eventos climáticos extremos.
- Reconsiderar os Termos de Concessão: As concessões, como PPPs, devem incorporar a climatologia futura em suas cláusulas.
- Adotar a Construção Resiliente: É imprescindível que novas construções sejam projetadas para resistir a condições climáticas extremas, não apenas no Brasil mas em todo o mundo.
O futuro de nossa infraestrutura e a eficácia de nossa resposta econômica dependem diretamente da integração do planejamento climático nas estratégias fiscais nacionais. Investir hoje é economizar amanhã, garantindo um planeta mais seguro e sustentável para as próximas gerações.