A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central trouxe indícios de que a taxa básica de juros, Selic, será mantida em 10,50% até 2025. No documento divulgado pela instituição nesta manhã (25), o BC afirmou ainda que permanecerá de olho para possíveis ajustes.
Após a decisão unânime do BC, de manter os juros depois de sete cortes consecutivos, o mercado esperava novos indicativos de que a autoridade monetária atuaria de forma firme para continuar controlando a inflação do país.
Para a instituição, os cenários adversos no exterior, e o aumento nas projeções de inflação, são fatores de risco para a economia brasileira, o que justifica a manutenção.
Política monetária para controlar inflação
Segundo a ata, a conclusão do colegiado por manter os juros em 10,50%, se baseou principalmente na “necessidade de uma política monetária mais contracionista e mais cautelosa, de modo a reforçar a dinâmica desinflacionária”.
Para 2024 e 2025, o Conselho Monetário Nacional (CMN), definiu que a meta de inflação seria de 3,0%, e a intenção do BC é convergir para que este número seja atingido. Na visão do Copom, a estratégia adotada é compatível com o objetivo em meio a um cenário de cautela.
O colegiado citou na ata, a inflação de serviços, como a sua maior preocupação. O grupo é um dos que tem registrado os números mais inflados nos últimos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, o BC afirmou que está de olho na inflação de bens industriais e de alimentação.
Outro item citado pelos membros do Copom, são os recentes dados de atividade econômica, que surpreenderam nos últimos trimestres, com maior crescimento em diferentes componentes de demanda. A preocupação também se estende para os efeitos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul.
“Há grande incerteza a respeito dos efeitos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul. Permanecem incertezas sobre a intensidade da queda de atividade e sua recuperação subsequente, bem como sobre a diminuição do estoque de capital, causadas pelas enchentes e inundações”, disse o colegiado.
Ata do Copom cita preocupação com cenário externo
Na ata, o BC se mostrou preocupado com a manutenção da adversidade no cenário externo. Na visão do colegiado, a incerteza com relação ao ciclo de queda de juros nos Estados Unidos e a inflação recorrente das principais economias do mundo, são motivos de alerta.
Ainda que tenha reforçado que um cenário de incerteza global gera uma cautela maior na política monetária do país, o BC afirmou que não se baseia nas decisões do Federal Reserve (banco central norte-americano).
“O Comitê reiterou que não há relação mecânica entre a condução da política monetária norte-americana e a determinação da taxa básica de juros doméstica e que, como usual, o Comitê focará nos mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna”, afirmou.
Projeções de inflação em alta
Há sete semanas, o Boletim Focus, do Banco Central, vem aumentando as projeções para o principal indicador de inflação do Brasil, o IPCA. No levantamento divulgado nesta segunda (24), os economistas elevaram as expectativas de 3,96% para 3,98%.
Segundo o BC, os indicadores inflacionários e os demais dados de atividade econômica serão alguns dos balizadores, para definir o patamar da Selic.