A inflação de serviços deve afetar o ritmo de flexibilização monetária do Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos, nos próximos meses. O alerta foi dado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em relatório sobre as perspectivas econômicas do país, divulgado nesta terça-feira (25).
A organização informou que os custos de habitação tem influenciado para a alta da inflação de serviços. De acordo com o relatório, um corte nos juros só será apropriado quando “houver sinais claros de desaceleração sustentada rumo à meta [de inflação] de 2%”. No documento, a OCDE também informou que a expectativa para o PIB dos Estados Unidos em 2024 segue em 2,6% e em 1,8% em 2025.
Expectativas da OCDE para inflação
Entre os dados expostos pela OCDE nesta terça, estão os relacionados ao Índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE, na sigla em inglês). O indicador é o preferido do Fed para a definição da política monetária norte-americana. Segundo o relatório, o PCE deve desacelerar para 2,4% neste ano, alcançando a meta de 2% em 2025.
Os números para o núcleo do PCE – que exclui itens voláteis, como alimentos e energia –, são mais conservadores. Segundo a instituição, os dados seguirão acima da meta, caindo para 2,6% em 2024, e 2,1% no próximo ano. Na comparação com as estimativas do último relatório, não houve variação.
A OCDE afirmou ainda que, a maior economia do mundo se recuperou firmemente desde a pandemia e expandiu em um ritmo sólido. Desde então, houve um aumento dos salários nominais e a criação de novas vagas no mercado de trabalho, mesmo com o período de incertezas que viveu durante esse período.
Outro ponto citado pela instituição foi o crescimento do consumo. O ritmo foi sustentado pela redução das poupanças (acumuladas durante a pandemia). Ao mesmo tempo, os ‘gargalos’ na cadeia de abastecimento diminuíram, enquanto as importações aumentaram.
Relatório corrobora falas de dirigentes do Fed
Nas últimas semanas, alguns dirigentes disseram não enxergar um corte em 2024. No entanto, desde que o Federal Reserve optou por manter os juros no mesmo intervalo entre 5,25% e 5,50%, pela sétima reunião seguida, as probabilidades de mudança na taxa de juros norte-americana não mudaram.
O monitoramento feito pelo CME Group indica ao menos um corte em 2024, em setembro. Ao todo, 66,8% dos analistas esperam que haja uma redução, sendo que 60,5% esperam um corte de 0,25 ponto percentual, e 6,5% acreditam em um corte de 0,50 ponto percentual.
Nesta terça, a diretora do Fed, Michelle Bowman, afirmou que não vê corte de juros neste ano, deixando a flexibilização somente para 2025. A dirigente faz parte do colegiado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Para Bowman, um corte nos juros dependerá exclusivamente da melhora nos dados de inflação ou na deterioração na oferta de emprego no país.
Segundo a governadora do Fed, Lisa Cook, a política monetária norte-americana está bem posicionada para responder a possíveis cenários de alterações nas perspectivas. Uma redução no nível de restrição, no entanto, dependerá da evolução dos principais dados e do equilíbrio dos riscos.