O Banco Central elevou as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024. As estimativas foram divulgadas nesta quinta-feira (27) no Relatório Trimestral de Inflação, referente ao segundo trimestre do ano.
Segundo a instituição, as revisões positivas do PIB brasileiro ocorreram devido às surpresas positivas da economia brasileira no primeiro trimestre. “[A revisão] foi bastante afetada principalmente pelas variações notáveis em impostos, nos componentes mais cíclicos da oferta, no consumo das famílias e na Formação Bruta de Capital Fixo (taxa de investimentos)”.
As projeções do BC para a taxa Selic seguiram o cenário do Boletim Focus, apontando uma taxa básica de juros em 10,50% neste ano, mas trouxe projeções de cortes. “A taxa Selic começa a cair na primeira reunião de 2025, terminando o ano em 9,50%. Na terceira reunião de 2026, atinge 9% e permanece nesse valor até 2027”.
Banco Central otimista com PIB
O relatório do BC elevou o crescimento da economia brasileira de 1,9% para 2,3% nesse segundo trimestre. Apesar de positivo, na análise trimestral, o crescimento resultado em uma desaceleração para o PIB, na comparação com o último ano. Em 2023, a economia avançou 2,9%.
A projeção da autoridade monetária trouxe números distintos do que foi apresentado pelo Boletim Focus — também divulgado pelo BC —, na última segunda-feira (24). No levantamento, constava um crescimento de 2,09% para o PIB brasileiro neste ano.
O BC citou o ritmo forte da atividade econômica e o mercado de trabalho aquecido nos três primeiros meses do ano, como justificativa para a revisão nas projeções. “O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,8% no primeiro trimestre, ritmo robusto e superior ao esperado”, apontou o relatório. As enchentes no Rio Grande do Sul foram citadas como um desafio para a economia, porém, o BC amenizou o tom, afirmando que já existem sinais de recuperação.
O relatório do BC destacou o dinamismo da atividade econômica durante o trimestre, causado pelo crescimento do consumo das famílias. Nos três primeiros meses, o consumo subiu 1,5% na comparação com o último trimestre do ano anterior, quando houve uma queda de 0,3%.
Inflação se afasta da meta
As estimativas do Banco Central para a inflação medida pelo IPCA também subiram no novo relatório, para 2024 e 2025. Para este ano, o BC apontou uma elevação de 3,5% para 4% na comparação com o relatório de março. Para 2025, a projeção subiu de 3,2% para 3,4%. Em 2026, a autoridade monetária estimou uma estabilidade em relação a março, em 3,2%.
Para 2024, a meta de inflação é de 3%, com tolerância de 1,5% para mais ou para menos. Este será o último ano em que a meta vai ser definida com base no ano-calendário, a partir do próximo ano, a meta passa a ser contínua. A instituição informou nesta quinta, que a probabilidade da inflação ultrapassar o intervalo permitido subiu de 19% em março, para 28%.
Segundo o BC, na projeção do cenário de referência, apesar da alta no segundo trimestre de 2024, a inflação deve retomar a sua trajetória de declínio, mas ainda acima da meta. A instituição projetou os dados mensais para o IPCA até setembro:
- Junho: 0,33% (acumulado em 12 meses de 4,35%)
- Julho: 0,12% (acumulado em 12 meses de 4,35%)
- Agosto: 0,07% (acumulado em 12 meses de 4,19%)
- Setembro: 0,21% (acumulado em 12 meses de 4,13%)