A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) protocolou um pedido de recuperação judicial (RJ) nesta quinta-feira (27), visando reestruturar a sua dívida de US$ 4,6 bilhões (cerca de R$ 25,4 bilhões). A construtora é controlada pela Novonor, antiga Odebrecht S.A. Os planos da empresa acontecem cinco anos depois da Odebrecht anunciar a maior RJ da história brasileira.
Segundo a OEC, a decisão foi negociada com seus maiores credores financeiros, com o intuito de uma reorganização financeira. Nela, a companhia exige um financiamento previsto na lei de recuperação judicial, que consiste em uma modalidade de financiamento destinada a empresas que estão sob recuperação judicial, o debtor-in-possession (DIP).
Odebrecht possui apoio da maioria dos credores
Segundo o diretor financeiro da OEC, Lucas Cive, a pressão de credores não foi o motivo para o pedido de recuperação judicial protocolado na Justiça. “A empresa tem um bom conforto do provedor do financiamento e de um bom quórum dos credores para atingir uma aprovação”, disse Cive em entrevista ao Broadcast.
Até o momento não foi revelado o nome dos principais credores e do financiador. Cive afirmou ainda que a maioria dos detalhes só serão conhecidos com o plano de recuperação detalhado. O prazo legal para a divulgação é de 60 dias após a homologação na Justiça.
Ao todo, US$ 4 bilhões (R$ 21,9 bilhões) da dívida está atrelada aos detentores de bonds (títulos de dívidas emitidos no exterior) pela Novonor e garantidos pela OEC. O diretor financeiro revelou que não é descartado um haircut da dívida (diminuição no valor da dívida).
Um ponto importante levantado pelo executivo, é o fato da maior parte da dívida ser de longo prazo, com os maiores vencimentos previstos para 2026 e 2029. No curto prazo, existe um vencimento de US$ 50 milhões (R$ 2,7 bilhões) para outubro. Para este ano, é esperado que a empresa registre um faturamento entre US$ 800 milhões (R$ 4,3 bilhões) e US$ 850 milhões (R$ 4,6 bilhões).
Aporte de R$ 650 milhões
No comunicado disponibilizado pela OEC, a empresa afirmou que negocia um financiamento que pode chegar a R$ 650 milhões, por meio do “DIP Financing (debtor-in-possession)”. Este aporte de caixa ocorre em um ambiente protegido sob supervisão judicial. A empresa pretende usar o financiamento da seguinte maneira:
- Equacionar o endividamento existente;
- Reforçar o fluxo de caixa da OEC;
- Fomentar suas atividades, com a injeção de liquidez para financiar projetos, obter garantias e assegurar capital de giro para viabilizar a conquista de novos projetos.
A OCE afirmou em nota, que atualmente possui 31 obras ativas, sendo 21 no Brasil e 10 no exterior. No total, a empresa possui uma carteira de projetos assinados de US$ 4,6 bilhões, podendo superar US$ 5 bilhões em 2024.