Após três pregões seguidos de alta, acumulando valorização de 2,85%, o dólar à vista encerrou o pregão em baixa de 1,70%, cotado a R$ 5,57 — a maior queda percentual desde agosto de 2023. Na semana, a moeda apresenta queda de 0,36%.
Os sinais de compromisso do presidente Lula com o controle das contas públicas e um possível arrefecimento das críticas ao Banco Central, aliados a um enfraquecimento da moeda americana no exterior, resultaram em uma queda expressiva do dólar no mercado de câmbio doméstico nesta quarta-feira.
Desempenho do real
O real, que vinha sofrendo mais que outras moedas emergentes, teve o melhor desempenho entre divisas emergentes e países exportadores de commodities. No ano, a moeda brasileira ainda acumula perdas significativas em relação ao dólar, juntamente com o iene japonês.
O índice DXY, que mede o comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, operava em baixa de cerca de 0,30%, ao redor dos 105,373 pontos. As taxas dos Treasuries recuaram após novos indicadores econômicos abaixo do esperado nos EUA aumentarem as chances de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro.
Sinais do governo
Durante o lançamento do Plano Safra 2024/2025, o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçaram o compromisso com a responsabilidade fiscal. Lula afirmou que “responsabilidade fiscal não são palavras, mas compromisso”, enquanto Haddad destacou que “o compromisso fiscal é compromisso de toda vida do presidente”. Após essas declarações, o dólar acentuou as perdas, tocando a mínima da sessão a R$ 5,5410.
Investidores aguardam agora o desenlace de uma nova reunião entre Haddad e Lula, prevista para a tarde de hoje, onde o ministro deve apresentar propostas de corte de gastos. A reunião contará também com a presença dos ministros da Casa Civil, do Planejamento e da Gestão.
Expectativas do mercado
Em entrevista ao jornal Estadão, o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, acredita que os recentes ruídos políticos locais impactaram os prêmios exigidos pelo mercado. Ele destaca que, embora tenha havido um aumento nas incertezas, os fundamentos econômicos não mudaram nos últimos 30 dias. Oliveira acredita que, com ajustes na comunicação do governo e maior alinhamento com a equipe econômica, a taxa de câmbio pode se estabilizar em níveis mais baixos.
Ontem, Lula mencionou a necessidade de conter a alta do dólar, levantando rumores sobre possíveis medidas de controle de capital. Haddad afirmou que a taxa de câmbio deve se “acomodar” com as ações do governo e que o Banco Central tem autonomia para atuar no mercado de câmbio quando necessário.