O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou, na noite desta quarta-feira (3), o comprometimento do Governo Federal com os gastos públicos e sinalizou que R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias poderão ser cortados do orçamento em 2025. O discurso solucionou um ruído na fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 26 de junho, sobre não saber se precisava cortar efetivamente os gastos ou aumentar a arrecadação.
As declarações levantaram questionamentos no mercado, que reagiu de forma cautelosa nos últimos dias e fez com que o dólar subisse em disparada. Na última segunda-feira (1), a moeda atingiu o maior patamar em dois anos e meio, negociada a R$ 5,70. Com o pronunciamento do ministro, o governo espera mudar a comunicação para conter a escalada do dólar e diminuir o ‘mau-humor’ do mercado.
Metas do arcabouço
No final da tarde de ontem, o ministro participou de uma reunião com o presidente, e outros ministros que compõe a Junta de Execução Orçamentária. Segundo Haddad, o governo segue comprometido e busca cumprir com as metas do arcabouço fiscal em 2024, 2025 e 2026. “O presidente determinou que se cumpra o arcabouço fiscal. Não há discussão a esse respeito”, disse ele.
Os detalhes da redução ainda não foram apresentados de forma oficial. No entanto, Haddad, afirmou que o anúncio acontecerá assim que os ministérios forem comunicados do limite que será dado para a elaboração do orçamento de 2025. O principal ponto levantado no pronunciamento foi: estancar os ruídos de comunicação.
“Nós vamos agora reunir os ministros envolvidos, que estão conscientes que o trabalho técnico foi feito pelas próprias equipes, para não haver também nenhuma falha de comunicação”, disse o ministro.
Ontem à tarde, Lula já havia afirmado durante o lançamento do Plano Safra Agricultura Familiar, no Palácio do Planalto, que a responsabilidade é um dos principais compromissos do seu governo. “Responsabilidade fiscal não é palavra, é compromisso desse governo desde 2003 e a gente manterá ele à risca”, afirmou.
Falas de Haddad podem refletir no dólar
Com a possibilidade de um corte de gastos de R$ 25,9 bilhões no próximo ano, a cotação do dólar no mercado à vista nesta quinta pode ser impactada diretamente. Além da percepção do mercado de um alinhamento entre Lula e Haddad, os investidores não terão as bolsas de Nova York para se balizar, devido ao feriado de Independência dos Estados Unidos.
O montante projetado do corte de gastos pelo governo está dentro da previsão dos economistas do mercado sobre a necessidade entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, e bem acima do valor que vinha sendo especulado para bloqueio e contingenciamento, de cerca de R$ 10 bilhões.
Na primeira hora de sessão, o dólar à vista recuava 1,26%, a R$ 5,48, enquanto o dólar futuro para agosto, caía 1,06%, a R$ 5,51.
Na agenda do dia, são esperados os dados de junho da produção de veículos às 10h00 e da balança comercial do Brasil às 15h00. Além disso, o diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso, concede coletiva sobre o Open Finance às 11h00. Já no mercado externo, os investidores deverão se atentar aos detalhes da ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).