O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a afirmar que a recente disparada do dólar, que alcançou R$ 5,70 no início do mês, não esteve ligada a questões econômicas, mas sim a uma falha na comunicação. Durante o 9º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji, o ministro expressou seu desconforto com os rumores do mercado em relação ao câmbio, nas últimas semanas.
“Sempre defendi que não seria necessário o Banco Central intervir no câmbio e que tínhamos que afinar a comunicação”, disse Haddad. Segundo ele, uma comunicação clara fará com que a cotação do dólar seja controlado no longo prazo.
Apesar disso, o ministro foi enfático ao afirmar, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem o direito de criticar os movimentos do BC, visto que ele foi o primeiro a trabalhar com um presidente que não foi indicado por ele.
Autonomia do Banco Central
Durante a palestra, Haddad afirmou que é a favor de alguns pontos da Proposta de Emenda Constitucional 65 (PEC 65), que trata da autonomia do BC. Segundo ele, é importante discutir o assunto, principalmente buscando mais investimentos em tecnologia e na qualificação dos trabalhadores.
Por outro lado, o ministro é contra os pontos da PEC que buscam transformar a instituição em uma empresa. “Temos confiança na equipe do BC, que tem um corpo técnico qualificado, mas sou contra transformar o Banco Central em empresa”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a celeridade da votação, ele sugeriu que a PEC 65 seja debatida por mais tempo para garantir uma discussão abrangente sobre o tema. “Nós podemos criar uma instituição robusta que dê autonomia financeira para que elas executem a melhor função possível em proveito da sociedade brasileira”, disse Haddad.
Haddad reforça compromisso com arrecadação e carga tributária
Haddad também enfatizou o compromisso do governo em manter a arrecadação e a carga tributária estáveis. Durante o congresso, ele comentou sobre a regulamentação da reforma tributária aprovada na Câmara dos Deputados.
“O nosso compromisso é manter a arrecadação estável. Os governadores têm os seus compromissos, a União tem os seus compromissos, mas a gente quer manter a carga estável. Se para isso a alíquota tiver que ser maior, a lei pode prever providências, mas ela deveria elencar essas providências”, pontuou.
O ministro defendeu também que os mais pobres devem pagar menos impostos proporcionalmente, enquanto os mais ricos devem pagar mais. Ele ressaltou a transparência do governo em relação às medidas adotadas e à situação das contas públicas, permitindo que a população tire suas próprias conclusões.
Imagem: Divulgação/Abraji