O governo congelará R$ 15 bilhões em despesas para tentar atingir as metas do arcabouço fiscal neste ano. O anúncio era esperado para a próxima segunda-feira (22), no 3º Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias, mas foi antecipado e divulgado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quinta-feira (18).
As dúvidas no cenário fiscal tem gerado efeitos diretos na desvalorização do real ante o dólar nos últimos dias. Após duas semanas em queda, a moeda norte-americana se recuperou e subiu quase 2% no último pregão.
Congelamento antecipado nas despesas
O anúncio do congelamento de R$ 15 bilhões feito por Haddad aconteceu após a reunião da Junta de Execução Orçamentária, desta quinta, onde ele se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que deu o aval para a antecipação.
Desse valor, serão cerca de R$ 11,2 bilhões de bloqueio e R$ 3,8 bilhões de contenção. O governo acredita que com este montante, a possibilidade de alcançar a meta de déficit zero aumentará. Há ainda uma margem de tolerância de 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB) para mais ou menos.
O mercado esperava um congelamento nesse nível ou maior para este ano. Segundo uma pesquisa realizada pelo BTG Pactual com agentes do mercado financeiro, 75% dos entrevistados projetavam um corte desta magnitude. Por outro lado, só 15% acreditava que o governo realizaria essa contenção.
Segundo Haddad, o anúncio foi feito para evitar as especulações, que aumentariam as desconfianças no cenário fiscal. “Essas informações seriam prestadas no dia 22, mas estamos antecipando justamente para evitar especulações”, afirmou.
Impacto fiscal no dólar e bolsa
Com a proximidade da divulgação do relatório mais detalhado sobre o contingenciamento e bloqueio das despesas, na próxima segunda, o mercado já estava repercutindo a possibilidade de valores abaixo do necessário.
Nos últimos dois dias, o Ibovespa fechou em queda, perdendo o ritmo de consecutivas altas de julho. Neste mês, a bolsa de valores brasileira iniciou com 11 avanços em sequência. No último pregão, O índice terminou o dia em 127,6 mil pontos, queda de 1,39%.
Por outro lado, o dólar avançou 1,9%, negociado a R$ 5,58 nesta quinta. Além do cenário fiscal, a moeda também é influenciada pela força no mercado externo, em meio as incertezas da disputa eleitoral norte-americana.
Nesta sexta-feira (19), a moeda iniciou o pregão com uma queda de 1,08%, negociada a R$ 5,52, influenciada pela repercussão da contenção de R$ 15 bilhões. Às 9h55, a moeda amenizava a queda, valendo R$ 5,55 (-0,68%).
Imagem: Diogo Zacarias