Nesta quinta-feira (15), o Tesouro Nacional terá um dos maiores vencimentos de Notas do Tesouro Nacional Série B (NTN-B) da história, com aproximadamente R$ 250 bilhões. Os títulos NTN-B 2024, emitidos em janeiro de 2003, renderão 1.377% para os investidores.
Quando foram emitidos, os títulos custavam R$ 300,55 (R$ 1.026,69 atualmente). Hoje, vencem com o preço de R$ 4.439,55. O lucro real, corrigido pela inflação, é de R$ 3.412,86, um aumento de 332,4%.
O que são NTB-Bs?
As NTN-Bs são títulos públicos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que significa que sua rentabilidade é corrigida pela inflação, além de oferecerem uma taxa de juros real.
Impacto em Planos de Previdência
Dos R$ 250 bilhões, cerca de R$ 25 bilhões compõem carteiras de entidades fechadas de previdência complementar (EFPC) que não terão a opção de “alongar” o prazo das Notas do Tesouro Nacional pela primeira vez, segundo informações publicadas na revista Investidor Institucional.
Tradicionalmente, as EFPCs, que gerenciam planos de previdência para empregados de empresas específicas, costumavam comprar e renovar esses títulos, mantendo-os por períodos mais longos em suas carteiras. No entanto, desta vez, a situação é diferente.
Guilherme Benitez, sócio da consultoria de investimentos Aditus, que presta serviços a 134 EFPCs, explicou, em entrevista ao Investidor Institucional, que as entidades têm utilizado massivamente as NTN-Bs nos últimos anos para “imunizar” suas carteiras, ou seja, proteger seus investimentos contra a inflação.
Com toda essa situação, as empresas estão em um impasse. “Nossos clientes nos pediram estudos para avaliar se havia espaço para alongar, mas a maioria mostrou que não havia mais essa possibilidade”, afirmou Benítez.
A aposta dele para onde o dinheiro vai após esse vencimento é: deixar em caixa ou investir em instrumentos de longo prazo (menos ilíquidos).
Contudo, com grande parte desses planos já sendo pagadores de benefícios — ou seja, com mais saídas de dinheiro para aposentadorias do que entradas de contribuições — o espaço para novos títulos de longo prazo vem diminuindo e devem ser menos utilizados.