O dólar fechou esta sexta-feira (16) em queda de 0,29%, a R$ 5,47. O movimento acompanhou o cenário externo, onde a moeda americana também recuou em relação a outras divisas. A queda de 0,86% na semana leva as perdas acumuladas em agosto para 3,32%.
A desvalorização do dólar ocorre em um contexto de expectativas divergentes nos EUA. De um lado, a construção de moradias iniciou queda de 6,8% em julho, um dado bem mais fraco do que o esperado, o que pressiona o dólar para baixo. Por outro lado, o índice de sentimento do consumidor subiu de 66 em julho para 67,8 em agosto, indicando otimismo dos consumidores.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), tem adotado uma postura “data dependent”, ou seja, suas decisões dependem dos indicadores econômicos. Essa sensibilidade do mercado aos dados americanos sugere que, caso a economia dos EUA mostre sinais de desaceleração, o Fed pode optar por uma postura mais cautelosa, conhecida como “dovish”, o que tende a enfraquecer o dólar e favorecer moedas emergentes como o real.
Perspectivas para o real e Selic
Em entrevista ao Broadcast, o economista Luciano Costa, da Monte Bravo, apontou que a ata do Fed e o discurso de Jerome Powell no Simpósio de Jackson Hole, podem trazer sinais importantes para o mercado. A expectativa de uma postura “dovish” do Fed pode abrir espaço para o real continuar se valorizando.
Caso o dólar recue para algo entre R$ 5,35 e R$ 5,40, o Banco Central brasileiro pode se sentir mais confortável para manter a taxa Selic em 10,50%. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que está “muito incomodado” com as expectativas de inflação e que está disposto a aumentar a Selic, se necessário, para controlar a inflação.