As ações da Azul (AZUL4) despencaram até 26,2% nas mínimas do dia nesta quinta-feira (24), com as notícias de que a companhia está considerando diversas opções para enfrentar sua elevada dívida, incluindo uma oferta de ações e até mesmo o pedido de recuperação judicial, conhecido como Chapter 11, nos Estados Unidos.
As informações foram veiculadas nesta manhã pela agência de notícias Bloomberg. Com o desempenho negativo no pregão, a Azul está perdendo cerca de R$ 571 milhões em valor de mercado, para R$ 1,87 bilhão. Por volta das 15h30, as ações da companhia aérea recuam 16,97%, negociada a R$ 6,02.
Provável recuperação judicial não surpreende
A possível recuperação judicial não surpreendeu completamente o mercado, segundo Ilan Abertman, analista da Ativa Investimentos. O cenário desafiador do setor, com a alta do dólar e dos combustíveis, somado ao elevado nível de endividamento da Azul, já indicava dificuldades para a empresa.
“Assusta o mercado porque esses termos do atual acordo com os credores devem ser revistos, o que pode piorar a situação tanto para a companhia quanto para os acionistas minoritários”, comenta Abertman, acrescentando que as ações da Azul devem continuar voláteis nos próximos dias.
Em meio às dificuldades, a Azul busca alternativas, como a emissão de novas dívidas por meio de sua unidade de carga ou uma fusão que reduziria a dívida e melhoraria as perspectivas de crescimento.
O atual acordo com credores, fechado no ano passado, envolvia arrendadores e fabricantes recebendo até US$ 570 milhões em ações preferenciais da Azul, a R$ 36 por ação, valor bem superior ao preço de mercado atual.
Posicionamento da Azul
No início da tarde, os papéis da Azul entraram em leilão e as negociações foram suspensas por 20 minutos (14h17 até 14h37). O motivo para a suspensão foi a divulgação de um fato relevante ao mercado, onde a Azul informou o desenvolvimento de um novo plano estratégico para melhorar a sua estrutura de capital e liquidez.
Segundo a companhia aérea, as notícias veiculadas pela Bloomberg foram mal-interpretadas. A Azul informou que está em negociações com seus principais acionistas para otimizar a estrutura de equity, seguindo o plano de otimização de capital do ano passado.
“Os stakeholders estão demonstrando apoio e as negociações estão avançando na direção de melhores resultados para todas as partes. Como temos demonstrado consistentemente, a Azul sempre favorece soluções amigáveis e comerciais que maximizam valor para todos os seus stakeholders”, afirma.
No fato relevante, a companhia afirmou que possui a capacidade adicional de captar recursos utilizando a Azul Cargo como garantia primária, de até US$ 800 milhões.
No documento, a Azul informou que mantém diálogos com o Grupo Abra, controlador da Gol, sobre a possível fusão com a companhia. Até o momento não há um acordo selado.