O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrou deflação de 0,02% em agosto, após subir 0,38% em julho, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (10). Os dados vieram abaixo das projeções do BTG Pactual, que projetava estabilidade para o mês.
O resultado fez com que o principal indicador de inflação atingisse uma alta de 4,24% no acumulado de 12 meses. No acumulado de 2024, o IPCA chegou a uma alta de 2,85%.
Principais influências para o IPCA
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, dois registraram quedas que influenciaram o resultado de agosto: Habitação (-0,51%) e Alimentação e Bebidas (-0,44%), contribuindo com −0,08 e −0,09 pontos percentuais (p.p.), respectivamente. Por outro lado, Educação foi o grupo com maior impacto positivo, com alta de 0,73%, adicionando 0,04 p.p. ao índice.
A redução nas tarifas de energia elétrica residencial foi o principal fator para a queda no grupo de Habitação no último mês, que passaram de 1,93% em julho para -2,77% em agosto, influenciadas pelo retorno da bandeira tarifária verde, que elimina as cobranças adicionais. Houve também reajustes tarifários em várias regiões do país, como São Paulo (-3,07%) e Belém (-5,63%).
A taxa de água e esgoto subiu 0,44%, devido a reajustes em cidades como Fortaleza (6,49%) e Salvador (5,43%).
Alimentação cai pelo segundo mês seguido
O grupo Alimentação e Bebidas registrou queda de 0,44%, com destaque para a alimentação no domicílio (-0,73%), que teve o segundo recuo consecutivo, após cair 1,51% em julho. Os itens que mais contribuíram para a queda foram a batata inglesa (-19,04%), o tomate (-16,89%) e a cebola (-16,85%).
Em contrapartida, produtos como o mamão (17,58%), a banana-prata (11,37%) e o café moído (3,70%) registraram alta no período. Já a alimentação fora do domicílio subiu 0,33%, abaixo da alta de 0,39% observada em julho.
No grupo de Transportes, houve uma estabilidade. Entre os combustíveis, o gás veicular subiu 4,10%, seguido pela gasolina (0,67%) e o óleo diesel (0,37%), enquanto o etanol apresentou recuo de 0,18%. As passagens aéreas tiveram queda de 4,93%, ajudando a equilibrar o índice do grupo.
Economistas divergem sobre impacto do IPCA na Selic
O resultado abaixo do esperado para a inflação brasileira nesta manhã fez com que os economistas divergissem nas opiniões sobre um aumento da Taxa Selic já na próxima reunião do Copom, no dia 18.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “os números vieram muito bons, mas não sei se vai dar tempo para consolidar a visão de manutenção da Selic na próxima reunião. Será bem estranho o Copom subir juros com essa melhora no IPCA. Provavelmente o IPCA fechará abaixo do teto da meta este ano”, explica.
Por outro lado, o chefe-estrategista do grupo Laatus, Jefferson Laatus, acredita que o resultado reduz a necessidade imediata de elevar os juros, e uma manutenção seria o suficiente para uma desaceleração.
“O IPCA surpreendeu positivamente com uma queda de 0,02%, representando a primeira deflação do ano. Esse resultado alivia, especialmente, as expectativas de aumento de juros. O mercado estava antecipando juros mais altos, como indicado pelo boletim Focus de ontem, que trouxe uma previsão de elevação das taxas para 2024. No entanto, o IPCA mais fraco do que o esperado, incluindo o acumulado de 12 meses, sugere que a inflação não está tão pressionada assim”, completa.