A Bolsa de Valores brasileira (B3) marcou o início da semana com o quinto pregão consecutivo em baixa, refletindo a preocupação do mercado com o déficit fiscal, após a divulgação do relatório de receitas e despesas do governo, que revelou um déficit de R$ 30 bilhões, tornando cada vez mais distante a meta do governo de alcançar o tão sonhado déficit zero.
Os primeiros impactos do déficit fiscal vieram logo em seguida, elevando as taxas de juros e pressionando o dólar para cima.
Nesta segunda-feira (23), como estratégia de amenizar essa situação, os investidores tiveram uma ponta de esperança de alívio, mesmo que temporário, com o anúncio de Fernando Haddad sobre estar diálogo com agências de classificação de risco para tentar recuperar o grau de investimento perdido pelo Brasil há alguns anos.
Já os mercados internacionais começaram esta terça-feira (23) em alta firme, reagindo ao anúncio do maior pacote de estímulos econômicos do governo chinês desde a pandemia de Covid-19, com o apetite por risco prevalecendo entre os investidores.
Manchetes desta manhã
- Incerteza fiscal leva juro futuro a atingir a máxima do ano (Valor)
- Multados pelo Ibama colocam R$ 8,4 mi nas eleições 2024 (Folha)
- SP vai dar desconto de até 50% em dívida de IPVA (Folha)
- IBGE vive crise interna com embate entre servidores e presidente do órgão (Estadão)
- Fazenda fala em voltar ao STF para usar ‘dinheiro esquecido’ (Estadão)
- Banco central da China revela estímulo mais agressivo desde a pandemia (Reuters)
- PBoC divulga lista de medidas de apoio em meio a uma crise econômica cada vez mais profunda (CNBC)
- Ações imobiliárias em Hong Kong sobem com estímulo hipotecário (CNBC)
- Banco central da Austrália mantém taxas inalteradas e permanece agressivo (CNBC)
- Prigozhin usou secretamente o JPMorgan e o HSBC para pagamentos ao grupo paramilitar russo Wagner (Financial Times)
- A última oferta da Boeing aos trabalhadores em greve desperta a fúria dos sindicatos (Financial Times)
Mercado global
As bolsas da Europa parecem ter superado momentaneamente os temores sobre a perspectiva de crescimento da Zona do Euro, após anúncio de novas medidas econômicas do governo chinês. Nos pregões, as ações de maior destaque foram as dos setores de mineração e bens de luxo.
Na Ásia, a bolsa de Xangai registrou o melhor intraday em quatro anos, com alta de 4,15%. O recorde foi impulsionado pelas as novas medidas de estímulo anunciadas pelo governo local.
Em Hong Kong, a alta foi de 4,13%, com expectativas muito otimistas do mercado de ações, depois que o banco central do país anunciou que planeja injetar mais de US$ 100 bilhões em liquidez.
O PBoC anunciou medidas para estimular a indústria imobiliária do país e que haverá redução da quantidade de dinheiro reserva mantido pelos bancos. Montante será diminuído ao menor nível desde 2020.
Em Nova York, O S&P 500 futuro sobe 0,20%, enquanto o Stoxx Europe opera em alta de 0,73%.
Confira os principais índices do mercado:
- S&P 500 Futuro +0,20%
- STOXX 600 +0,73%
- FTSE 100 +0,39%
- Nikkei 225 + 0,57%
- Hang Seng +4,13%
- Shanghai SE Comp. +4,15%
- MSCI EM +1,53%
- Dollar Index -0,05%
- Yield 10 anos +0,049 bps a 3,787%
- Petróleo WTI +2,60% a US$ 72,20 barril
- Bitcoin +0,41% a US$ 63.627,87
Commodities
- Petróleo: avança com novos estímulos da China e tensões no Oriente Médio, recuperando as perdas da sessão anterior. O Brent/nov é negociado a US$ 75,64 e WTI/nov a US$ 72,20
- Minério de ferro: fecha em forte alta de +4,64% em Dalian cotado a US$ 99,47/ton. Em Cingapura, os contratos também sobem forte com o futuro a +6,02% a US$ 95,10/ton e o mercado à vista em alta de +1,26% cotado a US$ 92,50/ton.
Expectativas do mercado para juros e inflação
Outro foco do mercado neste momento é a divulgação do Boletim Focus, que revisou as projeções de inflação e juros para os próximos meses.
O cenário de alta nos juros encarece o crédito, o que impacta negativamente tanto empresas quanto consumidores, além de reduzir a atratividade de alguns tipos de investimentos.
Hoje, a atenção se volta para a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorreu na semana passada. Na ocasião, o Banco Central elevou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual. Para o próximo Copom, o mercado alimenta a expectativa de uma nova alta, porém, de 0,50%, passando a taxa Selic de 10,75% para 11,25%.
No entanto, há analistas que já especulam a possibilidade de um aumento maior, de 0,50 ponto percentual, na próxima reunião. O conteúdo da ata é crucial para orientar as expectativas do mercado em relação à trajetória da política monetária no curto prazo.
Pacote econômico da China
A China anunciou um pacote econômico para impulsionar o crescimento do país, com a meta de alcançar 5% ao ano.
O anúncio de estímulos, como a redução da necessidade de reservas bancárias, foi bem recebido pelos mercados globais e influenciou uma alta de 3% no preço do petróleo, um reflexo positivo para empresas ligadas ao setor de commodities.
Cenário internacional
Nos EUA, a agenda do dia inicia com o anúncio do índice de preços de imóveis de julho, às 10h. Em seguida, às 11h, o Conference Board deve divulgar os dados sobre a confiança do consumidor de setembro e mais adiante, às 14h, está previsto o leilão de T-Notes de dois anos.
Encerrando os compromissos do dia, às 17h30, sai a divulgação dos dados semanais de estoques de petróleo bruto pelo American Petroleum Institute (API).
Cenário nacional
No Brasil, a agenda está bem movimentada. Começou às 8h, com a explicação do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os motivos da alta da Selic em 0,25 pontos-base. No mesmo horário, a FGV divulgou o índice de confiança do consumidor referente à primeira quinzena de setembro.
Logo mais às 9h30, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, participou de evento do banco Safra, com expectativas dos investidores de sinais sobre o ritmo de ajustes esperado para as próximas duas reuniões do ano.
À pouco, às 10h, iniciou o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Também em destaque, a agenda traz a reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad com representantes da Fitch Ratings. Nesta segunda-feira (23), o ministro se encontrou com representantes da S&P e da Moody’s.
O último compromisso da manhã ocorre às 11h45, com o leilão de NTN-B e LFT do Tesouro.
Transitando para o mercado financeiro, ontem, o dólar fechou em alta discreta de 0,25%, a R$ 5,5344, e o Ibovespa em baixa de 0,38%, aos 130.568 pontos, com temores sobre a situação fiscal prevalecendo e Petrobras e Vale contribuindo para limitar as perdas.
Com mudança na agenda de hoje, devido à greve dos servidores, não haverá venda de títulos por meio do Tesouro Direto. Em comunicado, o Tesouro Nacional informou que a suspensão ocorrerá em todo o sistema financeiro nesta terça-feira (24).
Destaques no mercado corporativo
- Raízen: aprovou a emissão de R$ 1,5 bilhão em debêntures, com operação coordenada pelo Itaú BBA (líder), BTG Pactual e XP Investimentos. O montante arrecadado será destinado à construção de fábricas de produção de etanol de segunda geração (E2G).
- Rede D’Or: anunciou o pagamento de R$ 350 milhões em Juros sobre Capital Próprio (JCP), com distribuição prevista para 4 de outubro, com base na posição acionária de 26 de setembro.
- Paranapanema: o Conselho da empresa aprovou aumento de capital de até R$ 1 bilhão mediante emissão privada de ações.
- JBS: aprovou programa de recompra de 10% de suas ações, após percepção de melhora da geração de caixa ao longo do primeiro semestre.
- Cielo: aprovou o resgate compulsório de ações em circulação remanescentes da OPA.
- CEMIG e subsidiária Cemig GT: retomaram processo de venda das quatro usinas hídricas: Machado Mineiro, Sinceridade, Martins e Marmelos. O valor mínimo do leilão será de R$ 29,1 milhões, com data prevista para 12 de maio.
- Assaí: a BlackRock impediu a participação de 10,62% para 9,90%, passando a deter 133.810.504 de ações ON.
- Grupo Matheus: distribuiu R$ 100,3 milhões em JCP, o equivalente a R$ 0,0454 por ação, com pagamento até 31/12
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