O dólar fechou em forte alta de 1,53% nesta sexta-feira (1), cotado a R$ 5,87, segundo maior valor de fechamento da história, atrás apenas do dia 13 de maio de 2020, auge da pandemia (R$ 5,90).
A variação acumulada de outubro, de 6,13%, somada ao avanço desta sexta, eleva a valorização anual do dólar para mais de 20% em relação ao real.
Causas internas e externas impulsionam alta
A elevação do dólar foi impulsionada tanto por fatores internos quanto externos. Internamente, a confirmação da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa na próxima semana gerou apreensão entre os investidores.
O fato é interpretado como um possível sinal de que o governo brasileiro não está priorizando o pacote de corte de gastos necessário para atingir as metas fiscais. Essa incerteza fiscal tem elevado a percepção de risco do Brasil, pressionando o câmbio.
Externamente, a valorização do dólar se intensificou durante a tarde, acompanhando o fortalecimento da moeda americana em relação a outras divisas globais.
O movimento é reflexo da expectativa em torno da eleição presidencial dos Estados Unidos na próxima semana, cenário que aumenta a busca por ativos considerados seguros, como o dólar.
Impacto do payroll
Na manhã desta sexta, o relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) mostrou criação de apenas 12 mil vagas em outubro, bem abaixo da previsão de 100 mil vagas.
Apesar do dado mais fraco, fatores como greves e desastres naturais ao longo do mês influenciaram o resultado, limitando apostas de cortes mais agressivos na taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed).
Com a manutenção dos juros americanos em patamares elevados, o yield (retorno) dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) aumentou, reforçando a atratividade do dólar frente a moedas de países emergentes, como o real.
Eleição americana
O cenário eleitoral nos EUA, com uma possível vitória de Donald Trump, amplia a cautela de investidores com divisas emergentes. Historicamente, a política de Trump tende a adotar uma postura protecionista, com potencial imposição de tarifas sobre produtos de países exportadores de commodities, como o Brasil.
Perspectivas para próxima semana
Para a próxima semana, o comportamento do câmbio pode ser influenciado tanto pela eleição americana quanto por um posicionamento mais claro do governo brasileiro sobre o controle fiscal.
Economistas apontam que um sinal concreto de apoio do governo à agenda fiscal do ministro da Fazenda poderia aliviar a pressão sobre o real, pelo menos temporariamente.