O dólar fechou esta sexta-feira (8) em alta de 1,07%, cotado a R$ 5,73, influenciado pelo cenário global de valorização da moeda americana e pelas incertezas políticas e econômicas no Brasil. O movimento combinado trouxe cautela aos investidores e pressionou o real.
Cenário externo
O mercado financeiro foi impactado pela decepção com os estímulos econômicos anunciados na China, que resultaram em queda no preço das commodities. Esse movimento prejudica moedas de países emergentes, como o real, que têm suas economias fortemente ligadas ao mercado de commodities.
Além disso, o cenário nos Estados Unidos também contribuiu para a alta do dólar, com sinais de que o presidente eleito, Donald Trump, deve adotar uma política econômica protecionista.
Expectativa por novo pacote fiscal
No Brasil, o ambiente interno também gerou preocupação no mercado. A expectativa pelo anúncio de um pacote de gastos pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda está sendo discutido no Palácio do Planalto, trouxe cautela adicional.
A discussão revela um possível embate entre a equipe econômica, que busca manter um controle fiscal, e ministros de pastas sociais, que defendem políticas de ampliação de benefícios.
O discurso do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, reforçou esse cenário. Dias afirmou que o governo está comprometido com o equilíbrio fiscal, mas sem prejudicar os mais pobres.
A possibilidade de revisão de benefícios como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é uma das medidas em discussão, o que gera incertezas sobre o equilíbrio das contas públicas.
Selic e inflação pressionam cenário de juros
Outro ponto de atenção foi o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro, que veio acima das expectativas do mercado. Esse dado reforça a possibilidade de que o Banco Central mantenha uma taxa Selic mais elevada por um período prolongado.
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic para 11,25% na última reunião e ressaltou a importância de uma política fiscal crível para controlar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco dos ativos financeiros.
Índice DXY
O índice DXY, que mede o dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, subiu 0,50% e superou os 105 pontos, atingindo a máxima de 105,208 pontos à tarde. Esse movimento sinaliza um fortalecimento do dólar em um ambiente de aversão ao risco global, o que pode ter reflexos negativos sobre moedas emergentes.