O Nubank (NU) registrou um lucro líquido de US$ 553,4 milhões (R$ 3,2 bilhões) no terceiro trimestre, um aumento de 107% na comparação anual. O lucro líquido ajustado foi de US$ 592,2 milhões (R$ 3,42 bilhões), um crescimento de 89% na comparação com o ano anterior.
Apesar dos números positivos, as ações do banco digital despencaram no Brasil e nos Estados Unidos. Os papéis NU atingiram quedas de 10% nesta quinta-feira (14), em Nova York, mas diminuíram as perdas e por volta das 15h50 desvalorizam 6,36%, a US$ 14,64. Na Bolsa brasileira, as BDRs (ROXO34) despencam 8,77%, a R$ 14,05.
Bancos tem recomendação neutra para Nubank de olho em receitas
O Itaú BBA rebaixou a recomendação para as ações do Nubank de “compra” para “neutro”, e reduziu o preço-alvo para 2025 de US$ 17 para US$ 15. A decisão foi baseada no balanço, que apresentou desaceleração nas receitas, contrariando as expectativas do analista Pedro Leduc. Segundo a análise, essa queda pode limitar o crescimento dos múltiplos da fintech, que vinha em trajetória de recordes de alta.
Embora as linhas de crédito pessoal e cartão de crédito do Nubank sigam em expansão no Brasil, o crescimento mais lento das receitas levantou preocupações. Produtos para alta renda, como o Ultra Violeta e o crédito consignado, tiveram avanço, mas não o suficiente para compensar a perda de fôlego da receita.
O BTG Pactual compartilha uma visão cautelosa, destacando que a desaceleração das receitas, junto ao cenário macroeconômico brasileiro, pode levar o Nubank a adotar uma postura mais conservadora nos próximos meses. O BTG também tem recomendação neutra para os papéis do Nubank, com preço-alvo de R$ 12,50.
Principais linhas do balanço
A receita líquida somou US$ 2,9 bilhões (R$ 16,7 bilhões), um recorde que representa um crescimento de 56% em relação ao mesmo trimestre de 2023, impulsionada pela expansão da base de clientes e pelo aumento da receita média por cliente, que subiu 25%, para US$ 11 (R$ 63,58).
O Nubank adicionou 5,2 milhões de novos clientes no trimestre, totalizando 109,7 milhões de usuários, um crescimento de 18% em relação ao ano anterior. Desse total, 98,8 milhões estão no Brasil, onde 60% dos clientes ativos consideram o Nubank como seu banco principal. A expansão se estende para mercados como México e Colômbia, reforçando a presença da empresa na América Latina.
O Nubank atingiu US$ 28,3 bilhões (R$ 163,8 bilhões) em depósitos, um crescimento de 60% ano a ano. A carteira de crédito, composta por cartões de crédito e empréstimos, somou US$ 20,9 bilhões (R$ 120,8 bilhões), com crescimento de 47% frente ao ano passado. O portfólio de recebíveis sujeitos a ganho de juros chegou a US$ 11,2 bilhões (R$ 64,7 bilhões), com crescimento de 81%.
Inadimplência dentro das expectativas
A taxa de inadimplência de curto prazo (NPL de 15 a 90 dias) no Brasil ficou em 4,4%, enquanto o NPL acima de 90 dias atingiu 7,2%, dentro das projeções da empresa. A Nubank também manteve o custo médio mensal para servir cada cliente ativo em US$ 0,7 (R$ 4,05), destacando sua eficiência operacional.
O índice de eficiência melhorou para 31,4%, com aumento de 60 pontos-base no trimestre e de 350 pontos-base na comparação anual. A margem financeira líquida (NIM) da empresa se manteve estável, mesmo diante do aumento de custos de financiamento nos mercados internacionais, impulsionada pelo crescimento no portfólio e pelo uso de estratégias de “cross-sell” e “up-sell” que maximizam o retorno sobre clientes existentes.