A Americanas (AMER3) apresentou lucro de R$ 10,279 bilhões no terceiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 1,630 bilhão no mesmo período do ano passado. Segundo a diretora financeira da companhia, Camille Faria, o lucro é decorrente do processo de ‘novação da dívida’, que resulta na substituição de uma dívida por meio de descontos e na criação de novos débitos.
“O lucro reflete o impacto da novação da dívida, que traz o haircut (descontos) como ganho financeiro. Além disso, ao estornar a despesa financeira acumulada, conseguimos esse resultado expressivo de R$ 10 bilhões”, explicou Faria.
O mercado reagiu bem ao balanço, e as ações AMER3 — que atualmente são negociadas fora do Ibovespa — entraram em leilão por diversas vezes ao longo do dia, devido às oscilações, e lideram as altas entre todos os índices da Bolsa.
Há pouco, os papéis atingiam a máxima intradiária, com avanço de 175%, a R$ 9,25, e deixaram de ser negociadas entre 16h39 e 16h57. Após o leilão, as ações renovaram a máxima para 190%, a R$ 9,91.
Principais linhas do balanço da Americanas
O Ebitda da Americanas somou R$ 547 milhões no trimestre, revertendo o resultado negativo de R$ 368 milhões do ano anterior.
A receita líquida foi de R$ 3,197 bilhões, com alta de 0,6% em relação ao ano passado. Camille Faria ressaltou que, sem o efeito da novação, a operação da empresa se mantém em equilíbrio.
Vendas em mesmas lojas crescem com ajuste de portfólio
As vendas no conceito “mesmas lojas” da companhia subiram 13,6% no terceiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, e 17,7% no acumulado de janeiro a setembro na comparação anual.
Esse aumento é impulsionado, principalmente, pelo forte desempenho das vendas da Páscoa. Excluindo o impacto da queda de itens de tíquete alto descontinuados, as vendas teriam sido cerca de 3 pontos percentuais maiores no trimestre e 4 pontos acima no ano.
A empresa também implementou a estratégia de otimização, encerrando as atividades de 21 lojas de baixo desempenho no trimestre. Esse ajuste é parte de uma reavaliação contínua para focar em operações mais rentáveis, que também prevê a abertura de novas unidades com maior potencial de retorno.
Redução da dívida no trimestre
Na visão da Americanas, o Plano de recuperação judicial tem impactado positivamente nos resultados da companhia, ao ponto em que o trimestre termina com a dívida reestruturada, uma estrutura de capital adequada e com o patrimônio líquido positivo.
A dívida bruta da companhia caiu de R$ 45,2 bilhões em junho para R$ 1,7 bilhão ao final de setembro, após o reperfilamento das obrigações com credores financeiros. A nova dívida é composta por R$ 1,6 bilhão em debêntures e R$ 75 milhões em empréstimos de empresas do grupo não incluídas na Recuperação Judicial.
Em 30 de setembro, a Americanas possuía caixa e recebíveis que superavam sua dívida em R$ 482 milhões, um indicador positivo para o plano de recuperação. No entanto, o montante de obrigações financeiras, considerando as dívidas do Plano de Recuperação Judicial, corresponde ao total de caixa e recebíveis, evidenciando que a companhia ainda precisa gerir rigorosamente suas finanças para manter a recuperação.