O dólar encerrou a sessão desta sexta-feira (14) praticamente estável, com uma leve queda de 0,02%, a R$ 5,78. A moeda americana começou o dia acima de R$ 5,80, alcançando a máxima de R$ 5,83, mas perdeu força após realização de lucros no mercado doméstico.
A leve desvalorização refletiu a expectativa dos investidores em torno do pacote de corte de gastos que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva está preparando.
Oscilações externas
O cenário internacional também contribuiu para a cautela no mercado de câmbio. O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, sinalizou que deve adotar uma postura cuidadosa quanto a futuros cortes na taxa de juros dos Estados Unidos, mantendo a pressão sobre divisas de mercados emergentes, como o Brasil.
No entanto, a queda nos rendimentos dos Treasuries — títulos do governo americano — trouxe algum alívio às moedas emergentes, incluindo o real, ao diminuir a atratividade dos ativos denominados em dólar.
Mercado atento a cortes de gastos
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote trará cortes significativos, buscando aderir ao arcabouço fiscal, que permite aumentos de gastos limitados a 2,5% acima da inflação.
Perspectiva de dólar forte e impacto no real
No contexto externo, a moeda americana segue em posição de força, o que tende a limitar a valorização do real. Em entrevista ao Broadcast, Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset, disse que o cenário global, impulsionado por fatores como a eleição presidencial nos EUA, continua a influenciar a formação da taxa de câmbio.
Segundo ele, uma eventual aprovação do pacote de cortes de gastos poderia trazer algum alívio ao real, mas sem uma mudança significativa no cenário internacional, o dólar tende a seguir em patamares elevados.
Expectativa moderada com efeitos no câmbio
Lima enfatizou que, mesmo com cortes estruturais, a apreciação do real seria limitada, caso o dólar permaneça forte no mercado global. Ele ressaltou que a política de corte de gastos poderia conter a alta do dólar no curto prazo, mas não deve ser suficiente para impedir o crescimento da dívida líquida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em evento que países como China e México tendem a sentir mais os efeitos de um dólar forte, em comparação com o Brasil. Ele comentou que o mercado financeiro local já precificou um prêmio de risco alto nos ativos brasileiros, refletindo um cenário conservador entre os investidores.