A discussão sobre a forma de remunerar os assessores de investimento ganhou atenção neste ano, com a entrada em vigor da Resolução CVM 179, que impõe maior transparência no pagamento de intermediários financeiros.
A possibilidade de pagar taxas fixas (o chamado fee fixo), por ser uma novidade no mercado brasileiro, tem atraído o interesse de investidores. Entretanto, optar por essa forma de remuneração pode acabar tirando mais dinheiro dos investimentos do que o modelo tradicional, de remuneração variável.
Como quase tudo no mercado financeiro, escolher o modelo ideal de remuneração depende do perfil do cliente e o que ele busca em suas operações de investimento.
Basicamente, o que vai ditar se um investidor deveria escolher entre um modelo de remuneração e outro é sua frequência de negociação e o tipo de investimentos que ele costuma fazer.
“Não existe uma fórmula mágica, cada cliente é único”, diz Lucas Rocco, CEO da Wise Investimentos|BTG Pactual. Para ele, a nova regulamentação beneficia tanto clientes quanto instituições, ao permitir os diferentes modelos.
“É necessário analisar caso a caso, personalizando o modelo de atendimento para atender às necessidades específicas de cada perfil, pois não existe um modelo ideal para todos”, explica.
Fee fixo pode ser prejudicial para investidores conservadores
A adoção de um modelo de comissionamento fixo pode ser prejudicial para investidores que estão dando os primeiros passos no mundo dos investimentos e são mais conservadores. Na visão de Rocco, o custo fixo pode comprometer o ganho real do investidor.
“Forçar o uso do modelo de custo fixo para clientes que têm carteira de baixa volatilidade, muitas vezes, está mais relacionado à necessidade de corretoras em gerar receita ao benefício para o cliente. Aqueles fazem menos negociações pagam poucas taxas, como corretagem”, explicou.
Rocco também ressaltou que custos fixos em carteiras de investimentos podem levar o investidor a pagar por serviços que nem sempre agregam valor real ao seu portfólio.
Nova Resolução da CVM é benéfica
O CEO da Wise elogiou a entrada em vigor da Resolução CVM 179, graças a transparência que essa medida implementará no mercado de capitais. Segundo ele, a iniciativa beneficia tanto investidores quanto o mercado financeiro.
“Transparência e competição são fundamentais para um mercado mais eficiente. Os custos transacionais têm caído com o avanço da digitalização, e a clareza sobre os custos fortalece o relacionamento entre investidores e instituições”, afirmou.
Confiança cria parceria longeva
Rocco reforçou que a integridade é um dos pilares da Wise. Segundo ele, o alinhamento de interesses não deve ser confundido com o modelo de comissionamento e que a ética no relacionamento com o cliente é o que garante uma parceria sólida e duradoura. “Ter confiança no profissional é mais importante do que o modelo de remuneração escolhido”, conclui.