A sessão pós-feriado de Finados começa negativa. O Ibovespa futuro sinaliza queda refletindo notícias sobre o início da transição entre o atual governo e o do candidato eleito Luís Inácio Lula da Silva, com os investidores digerindo a ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central, as articulações no Congresso, além da esperada elevação das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em 0,75 ponto percentual (pp), para intervalo de 3,75% a 4%, sinalizando um ritmo mais lento.
A decisão do Fed refletiu negativamente nos mercados norte-americanos nesta quarta-feira e na abertura de hoje. Apesar da indicação de que as próximas altas podem ser menores, a visão dos investidores é de que a postura da autoridade monetária ainda é de firmeza em combater a inflação.
O Banco da Inglaterra (Boe) também elevou a taxa básica de juros em 050 pp nesta quinta-feira e os índices futuros de petróleo operam em queda. As bolsas europeias abriram em alta.
Na China, autoridades reafirmaram a política de tolerância zero contra a covid-19, após rumores de que Pequim estaria planejando alívios.
O mercado acompanha as notícias sobre a cena política que podem impactar no fiscal, como o reajuste do salário mínimo, a manutenção do Auxílio Brasil e o Orçamento Secreto, além dos impactos dos três dias de bloqueios nas estradas em protesto ao resultado das eleições.
Às 9h46 (horário de Brasília), o Ibovespa futuro com vencimento em dezembro caía 1,43%, aos 115.715 pontos. Os futuros norte-americanos e as bolsas europeias operavam em queda. Na Ásia, os índices fecharam em baixa.
Em comentário sobre a ata do Copom, a Genial Investimentos avalia que a divulgação feita ontem clarificou questões que levaram a autoridade monetária a manter a taxa Selic em 13,75% a.a. na semana passada. Das novidades notadas no comunicado em relação ao anterior, aparecem novamente na ata, reforçados, os seguintes pontos: o aparecimento de sinais de arrefecimento no crescimento da economia brasileira e o aumento da sensibilidade à questões fiscais em países desenvolvidos.
Além disso, o Comitê destaca que o aperto das condições financeiras globais está pesando sobre os países com endividamento soberano muito elevado e sobre o bom funcionamento de alguns mercados em decorrência da baixa liquidez. Em decorrência disso e do risco de uma desaceleração global mais forte, alguns bancos centrais (canadense e europeu) já começaram a caminhar na direção de uma desaceleração no ritmo de alta das taxas de juros. No caso canadense isso de fato já se concretizou, com a autoridade monetária do país surpreendendo o mercado na última reunião e aumentando a taxa de juros em 0,5 p.p ao invés de 0,75 p.p.
Nas últimas semanas também já passou a ser contemplada uma redução da alta de juros por parte do Fed (banco central norte-americano) na reunião de dezembro (de uma alta de 0,75 p.p. para 0,50 p.p.).
A Mirae Asset, em relatório, espera que a fase de transição dos governos que começa hoje tem todas as condições para que ocorra com tranquilidade. “A equipe do PT deve conversar com o relator do Orçamento de 2023 no esforço de tentar acomodar algumas propostas do governo eleito, como o
Auxílio Brasil a R$ 600, calculado em mais R$ 52 bilhões, além de R$ 150,00 a cada filho de até seis anos, e isenção do IRPF para quem ganha até R$ 5 mil (mais R$ 18 bilhões). No total, são mais R$ 100 bilhões, a não caberem no Orçamento deste ano. Um waiver do mesmo montante pode estar sendo costurado”, calcula a Mirae.
O Ibovespa fechou no positivo no primeiro pregão do mês de novembro, em +0,77%. O volume financeiro ficou em R$ 40,7 bilhões, ainda um patamar alto em relação a média diária. Na semana, o Ibovespa avançou 2,09%, colocando os ganhos do ano a 11,55%.
Cynara Escobar / Agência CMA
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