A economia brasileira nunca dependeu tanto do apetite chinês pelos nossos produtos, como mostra levantamento feito pelo Monitor do Mercado, com dados do governo federal (veja abaixo).
Nos últimos dois anos, a cada R$ 10 que recebemos por exportação, mais de R$ 3 vieram da China. É o patamar mais alto da história.
Na última semana, no entanto, o gigante asiático deixou claro para o mundo que vai manter o pé no freio em relação ao crescimento econômico. O movimento tem tudo para atingir em cheio a economia brasileira.
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A dependência que criamos pela demanda chinesa, entretanto, não parece incomodar os dois candidatos a presidente. Os programas de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do atual presidente Jair Messias Bolsonaro não fazem uma menção sequer à China.
Apesar de Bolsonaro ter alfinetado o principal parceiro comercial do Brasil, chegando a insinuar que a Covid-19 seria parte de uma guerra biológica, desde que ele assumiu o cargo, a participação da China no rol de importadores de produtos brasileiros aumentou mais de 15%.
Se hoje estamos no maior patamar da história, foi durante o mandato do ex-presidente Lula que a China teve o maior aumento percentual de sua participação nas exportações brasileiras.
Em oito anos de governo Lula, as exportações para a China passaram de 3,2% para 13,4% do total recebido pelo Brasil.
Os Estados Unidos, que hoje são o segundo maior comprador de produtos brasileiros, viram sua participação minguar na distribuição de produtos brasileiros enquanto a da China crescia.
Nos últimos 20 anos, as posições dos EUA e do gigante asiático no mapa de destino das nossas exportações praticamente se inverteram. Em 2021, os americanos responderam por 11,2% das exportações do Brasil.
Na última semana, no 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, o presidente Xi Jinping disse estar alinhado à ideia de “crescimento de alta qualidade”, no lugar das altas taxas de crescimento às quais nos acostumamos.
O líder comunista aproveitou para elogiar a sua própria política de Covid zero, que tem gerado a oscilação no funcionamento de comércios, portos e serviços em cidades inteiras, sendo apontada como uma das grandes responsáveis pela queda da atividade econômica.
“Colocamos a vida das pessoas acima de tudo”, disse, sem dar nenhum sinal de afrouxamento na testagem em massa obrigatória, na vigilância constante, nas quarentenas forçadas e na decretação de lockdowns regionais.
Buscar formas de reduzir o impacto disso nas contas brasileiras é essencial para quem ocupar a presidência nós próximos anos, tendo em vista que a exportação de matérias primas segue como o carro chefe da nossa economia.
Esse tipo de relação define inclusive o rumo da Bolsa de Valores, definido em grande parte pelas ações da Petrobras e da Vale, exportadoras de petróleo e minério de ferro, que têm a China como seu principal mercado.
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*Imagem: Elaboração própria com imagens Agência Brasil