O dólar à vista terminou o pregão desta quarta-feira (18) em alta de 2,78%, cotado a R$ 6,2657, renovando sua máxima histórica pelo terceiro dia consecutivo.
O movimento foi impulsionado pela crise de confiança na política fiscal do governo e pelas sinalizações mais rígidas do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos.
Desde a última vez que a moeda fechou abaixo de R$ 6, no dia 11, o dólar já subiu 5,20%. Em 2024, a alta chega a 29,10%.
Real tem pior desempenho global
O real apresentou a maior desvalorização entre as principais moedas emergentes e exportadoras de commodities. O índice DXY, que mede a força do dólar frente a moedas como euro e iene, avançou mais de 1%, ultrapassando os 108,000 pontos.
Decisão do Fed reforça cautela
O Fed anunciou uma redução de 25 pontos-base na taxa de juros, para o intervalo entre 4,25% e 4,50%. Embora esperada, a decisão foi acompanhada por um discurso rígido do presidente do Fed, Jerome Powell, que destacou a possibilidade de juros mais altos no futuro, caso a inflação persista.
A revisão do chamado gráfico de pontos indicou taxas de juros levemente mais altas no atual ciclo de afrouxamento monetário. Powell afirmou que os cortes já realizados colocam os juros “próximos ao nível neutro”, permitindo uma postura cautelosa.
Pacote fiscal avança na Câmara
No Brasil, a instabilidade fiscal foi reforçada pelo avanço parcial do pacote fiscal na Câmara dos Deputados. Embora o projeto que estabelece gatilhos para o arcabouço fiscal tenha sido aprovado, a medida que limitava a restituição de créditos tributários pelas empresas foi retirada.
A análise do restante do pacote fiscal ainda precisa ser concluída na Câmara e no Senado antes do recesso parlamentar, previsto para o dia 23. Estimativas de economistas apontam que as medidas devem gerar uma economia de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões, abaixo dos R$ 71 bilhões inicialmente projetados pelo Ministério da Fazenda.
Banco Central mantém cautela
O Banco Central não interveio no mercado cambial, mesmo com o dólar ultrapassando R$ 6,20 no início da tarde. Segundo operadores, a decisão foi influenciada pela liquidez no mercado à vista.
Para amanhã, no entanto, o BC anunciou um leilão de venda de dólares com oferta de US$ 3 bilhões. Essa medida visa atender à demanda por divisas, sem sinalizar defesa de patamares específicos para a taxa de câmbio.