A polêmica reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) desta quarta-feira (5), que decidiu reduzir a produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia (bpd) alavancou as ações da Petrobras, irritou os países do Ocidente e colocou um novo piso para os preços do petróleo.
A decisão dos países da Opep+ de cortar a produção em 2 milhões de bpd tem como objetivo evitar que os preços do petróleo caiam abaixo de US$ 80 o barril. Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), este é o preço de equilíbrio fiscal e, portanto, o valor mínimo para convencer os países da organização a venderem seu produto. O valor impede que problemas financeiros sejam gerados, segundo matéria publicada pelo jornal Valor Econômico.
O FMI estima que o preço de equilíbrio da Arábia Saudita, maior produtor, está em US$ 79,20 este ano. Embora essa linha mude para cada país, entre os maiores exportadores da commodity, como Iraque e Emirados Árabes Unidos, ela está perto dos US$ 70 – sendo a que cotação de US$ 80 funciona como uma espécie de linha vermelha.
A expectativa dos bancos internacionais pode ser descrita como preocupante. Com projeções de US$ 97 a US$ 110, as principais instituições financeiras do mundo esperam um aumento considerável do preço da commodity até o fim deste ano, gerando um déficit para o mercado em 2023. Confira projeções:
Morgan Stanley: US$ 100
Goldman Sachs: US$ 110
UBS: acima de US$ 100
ING: US$ 97
Retaliação dos EUA
Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, afirmou estar “decepcionado” e afirmou que a decisão foi “míope”, nesta quarta-feira (5) e a Casa Branca já afirmou que está deliberando estratégias para regular o mercado.
Junto à liberação de mais reservas estratégicas do governo – medida que tem sido usada nos últimos meses para controlar o preço da gasolina no país – o governo também se comprometeu a “consultar o Congresso sobre ferramentas e autoridades adicionais para reduzir o controle da Opep sobre os preços da energia”
Pressão na Petrobras
Um aumento nos preços do petróleo no mercado internacional significa na prática um aperto no bolso do brasileiro. Devido a política de paridade de preços internacional (PPI), a Petrobras fica obrigada a repassar os aumentos e baixas da commodity para o mercado interno.
Com o aumento da defasagem do preço dos combustíveis no mercado nacional em relação ao internacional, em 8%, na gasolina, e em 3%, no do diesel, cresce a pressão para que a Petrobras anuncie reajustes. A decisão da Opep só torna o reajuste inadiável.
Por outro lado, o governo Bolsonaro pressiona a Petrobras para só aumentar combustíveis após o segundo turno, já que o aumento do preço dos combustíveis poderia ter um efeito negativo sobre sua campanha de reeleição.Imagem: Piqsels