O dólar encerrou a sexta-feira (27) em alta, cotado a R$ 6,1931, com valorização de 0,22%. O movimento reflete uma combinação de fatores externos e internos que influenciaram o mercado cambial.
Globalmente, o dólar continuou ganhando força frente às moedas de economias emergentes. A desaceleração da indústria chinesa, principal destino das commodities brasileiras, trouxe preocupações adicionais, pressionando o real.
Além disso, a alta nos juros dos Treasuries — títulos da dívida pública americana — reforçou a atratividade do dólar como investimento seguro.
Cenário doméstico e o impacto na moeda
No Brasil, dois pontos chamaram atenção:
- Rolagem de contratos futuros: Fatores técnicos ligados à formação de preços e contratos cambiais contribuíram para a volatilidade.
- Remessas ao exterior: O envio de lucros e dividendos por empresas estrangeiras estabelecidas no país também adicionou pressão sobre o câmbio.
Mesmo com a desaceleração da inflação medida pelo IPCA-15 de dezembro, a leitura qualitativa do índice revelou alta nos preços de serviços, um componente importante para a política monetária.
Riscos fiscais no radar
No front fiscal, investidores continuam preocupados com a capacidade do governo de aprovar medidas de ajuste no Congresso. A crise das emendas e as incertezas sobre o orçamento de 2024 reforçam a percepção de risco.
Em entrevista ao Estadão Broadcast, o economista Eduardo Velho, da JF Trust, destacou que a chamada “dominância fiscal” ganhou espaço nas discussões. Isso ocorre quando a necessidade de estabilizar a dívida pública se sobrepõe a outros esforços de política econômica, como o controle da inflação.