Recentemente, o governo brasileiro decidiu adiar a implementação de novas regras que regulamentam o funcionamento do comércio aos domingos e feriados. Inicialmente programadas para vigorar a partir de janeiro de 2024, as diretrizes agora entrarão em vigor somente em julho de 2025. As normas foram divulgadas em uma edição extraordinária do “Diário Oficial da União“.
Essas mudanças exigem que o funcionamento do comércio nesses dias especiais esteja condicionado à negociação com sindicatos ou seja autorizado por uma legislação municipal específica. Até 2021, as empresas poderiam operar nesses dias com base em uma comunicação formal aos trabalhadores, sem a necessidade de acordos coletivos.
Qual é o impacto nas negociações sindicais?
Para os sindicatos, a nova regulamentação significa um avanço importante na proteção dos direitos dos trabalhadores. A União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) destacaram que as medidas fortalecem a capacidade dos sindicatos de negociar melhores condições de trabalho em feriados.
Organizações como a Contracs veem a medida como uma vitória significativa contra a precarização das condições de trabalho. Dessa forma, as entidades sindicais consideram que a regulamentação devolve poder de negociação aos trabalhadores, algo que vinha sendo reivindicado há anos.

Quais são as preocupações do setor produtivo?
Por outro lado, representantes do setor empresarial demonstraram resistência à implementação das novas regras. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) alertou para possíveis impactos econômicos negativos, como a redução da atividade econômica e um aumento nos custos operacionais devido à necessidade de acordos formais com sindicatos.
Da mesma forma, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) expressou preocupação com a insegurança jurídica que a nova regulamentação poderia provocar. Argumenta-se que tal mudança pode complicar as negociações futuras e colocar em risco a estabilidade econômica em áreas já afetadas por outros desafios.
Como será o balanço entre direitos trabalhistas e crescimento econômico?
As novas regras surgem em um cenário de debates acirrados sobre como conciliar os direitos trabalhistas e o crescimento econômico. A implementação planejada para 2025 permitirá tempo para que empregadores e sindicatos ajustem suas estratégias e conciliem interesses divergentes.
Observadores do mercado esperam que o período até a vigência das novas normas seja usado de forma produtiva para balancear as demandas trabalhistas com a necessidade de manter a competitividade do comércio brasileiro. O desafio agora é encontrar soluções que reflitam um compromisso justo entre proteger os trabalhadores e garantir a continuidade do crescimento econômico.