Os veículos elétricos trouxeram renovação a um setor centenário: os fabricantes de compressores para refrigeração. A indústria ainda tem produtores de geladeiras e equipamentos de ar-condicionado como principais clientes, mas agora vê seus produtos usados no arrefecimento do calor gerado pelas baterias automotivas.
Visando justamente a esse mercado, assim como o já consolidado universo dos refrigeradores e o mercado de ares-condicionados, a Tecumseh (pronuncia-se Te-câm-se), empresa de origem norte-americana, mas já abrasileirada por uma história de 50 anos na região de São Carlos (SP), planeja investir, nos próximos três anos, R$ 75 milhões para aumentar a capacidade de produção.
O investimento revela uma expectativa positiva em relação à economia brasileira para o período (independentemente de quem venha a ocupar o Palácio do Planalto) por parte da empresa, associada a um volume expressivo de exportações e à própria vida útil dos refrigeradores residenciais e, sobretudo, comerciais, usados em bares e supermercados, por exemplo, e que, em média, precisam ser substituídos a cada 10 anos.
No total, a Tecumseh emprega 2.100 pessoas— algumas com mais de 20 anos de empresa. São profissionais de diversas áreas que trabalham no projeto, lançamento e fabricação de compressores e unidades condensadoras que reduzem o consumo de energia e as emissões de gases de efeito estufa.
Atualmente, a empresa tem capacidade de produzir 9 milhões de compressores por ano. Metade deles são exportados para mais de 40 países. “Temos como principais mercados os Estados Unidos, a América Latina e o Oriente Médio”, explica o CEO da empresa, Ricardo Ferreira.
Sobretudo no mercado norte-americano, a demanda por equipamentos para veículos elétricos tem sido crescente.
No Brasil, a maior aposta, segundo Ferreira, é de uma demanda reprimida por aparelhos de ar-condicionado, produto com uma penetração ainda relativamente baixa em comparação com mercados mais maduros.
No segmento de refrigeração, o maior potencial está nos equipamentos comerciais, como geladeiras de bares e ilhas de refrigeração, comuns em supermercados.
Ao contrário do que se pode imaginar, tendo em vista o fato de atuar em um segmento que pouco mudou ao longo de um século (pelo menos do ponto de vista leigo), inovação tem sido um tema bastante presente no dia a dia da empresa.
Ao longo desse quase meio século do Brasil, a Tecumseh acumula mais de US$ 330 milhões investidos, sendo boa parte desse valor em Pesquisa e Desenvolvimento – P&D. O resultado são 18 patentes já registradas nesse período, sendo 10 específicas para compressores.
Foi em São Carlos, por exemplo, que foi desenvolvida a tecnologia “inverter” para ares-condicionados, que, explicando de maneira simplificada, estabelece ciclos periódicos de redução de temperatura que, por sua vez, eliminam a necessidade do mecanismo “liga-desliga” dos aparelhos convencionais, reduzindo significativamente o consumo. A tecnologia já é exportada para diversos países.
O clima, diz Ferreira, não poderia ser melhor.
*Imagem: Piqsels.com