O mês de agosto foi bastante positivo para a Bolsa brasileira em relação ao cenário internacional, por conta de uma combinação de fatores como queda dos juros longos (já antecipando um momento em que o Copom irá iniciar uma redução da Selic) e papéis das empresas ainda baratos.
E o cenário para 2023 já permite antever alguma melhora em questões como inflação (em torno de 5% no final do período) e, consequentemente, juros (por volta de 11% ao ano também no final do ano), o que, por sua vez, contribuiria para reduzir o custo de capital das empresas, com impactos positivos para o cenário da renda variável. A avaliação é do gestor Subho Daripa, da Atlas One Investimentos.
No mês, os fundos da gestora registraram resultados bastante positivos: o Atlas Frontier FIC FIA (long only, com exposição local e internacional, sobretudo em varejo, bancos, saúde, imobiliário, TMT e infraestrutura) teve um retorno de 11,8%. Já o Atlas One FIC FIA registrou uma performance positiva de 8,6%.
“Tudo corrobora para que tenhamos um corte de juros já no primeiro semestre de 2023, o que, por sua vez, seria um impulsionador para as companhias na Bolsa, proporcionando um alívio do ponto de vista do custo de capital, com juros reais na faixa de 5,5% a 6%”, avalia Subho.
Thomas Mello, também gestor da Atlas One, destaca que, há algum tempo, as expectativas macro e a “realidade micro” das empresas não têm se conversado, com a segunda se mostrando muito mais positiva e encorajadora do ponto de vista do investimento em ações.
“Vivemos um momento mais desafiador de alta dos juros no ano passado. Daqui para frente, o que enxergamos é um semestre que tende a ser muito bom, embora empresas como as ligadas a commodities tendam a enfrentar piora nos resultados”, afirma. Thomas avalia que quando se olha para outros setores, as empresas estão baratas e seus fundamentos continuam saudáveis. Daí uma maior participação, no portfolio, de segmentos como varejo.
O gestor lembra que a expectativa de queda nos juros melhora, também, a perspectiva em relação aos múltiplos. E acredita que o resultado do processo eleitoral já esteja em boa parte precificado pelo mercado, o que, a princípio, não tende a provocar grandes solavancos no mercado. “O risco eleitoral, como vemos, nos preços dos ativos não está impactando de forma relevante.”
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